Disputa do Oscar de filme estrangeiro está entre 4 filmes acima da média
Fato pouco comum, quatro dos cinco candidatos ao Oscar de filme estrangeiro estão atualmente em cartaz em cinemas de São Paulo – e os quatro são muito bons.
"Relatos Selvagens" (Argentina), "Ida" (Polônia), "Leviatã" (Rússia) e "Timbuktu (Mauritânia) apresentam boas histórias, contam com grandes atores e emocionam. O quinto candidato, "Tangerines" (Estônia"), ainda está inédito no Brasil.
O filme do argentino Damian Szifrón é o que está há mais tempo em cartaz. "Relatos Selvagens" é formado por seis histórias independentes, todas elas tratando, como diz o diretor, de "impulsos primitivos do ser humano". Como não poderia faltar, o mais famoso ator argentino da atualidade, Ricardo Darín, protagoniza um dos episódios. Ele vive um engenheiro às voltas com problemas burocráticos que, um dia, perde a razão e ganha o apelido de "Bombita" (mais não conto).
O polonês Pawel Pawlikowski conta, em "Ida", uma história delicada e triste. Filmado em preto-e-branco, o filme se passa em 1962, quando o país vivia sob um regime socialista, e evoca um drama ocorrido durante a Segunda Guerra Mundial. Prestes a fazer seus votos em um convento, uma noviça, Anna, é instruída pela madre superiora a conhecer uma tia, Wanda, que mora em Varsóvia. Juntas, as duas vão percorrer o país, tentando esclarecer um episódio bem doloroso para ambas. Além da história ótima, as duas atrizes, Agata Kulesza e Agata Trzebuchowska (foto), valem o ingresso.
Diretor do premiado "O Retorno", Andrey Zvyagintsev pinta um retrato cinzento da Rússia atual em "Leviatã". O filme mostra a luta kafkiana de Kolia (Aleksey Serebryakov), dono de uma oficina mecânica, em uma cidade próxima ao Mar de Barents, para manter a sua casa, cobiçada pelo prefeito, que pretende se apropriar do terreno para erguer um empreendimento imobiliário. Na cena mais famosa do filme, Kolia e seus amigos vão fazer um picnic em uma área afastada, com direito a brincar de tiro. Os alvos são fotos enquadradas de políticos russos dos últimos cem anos. "Leviatã" ganhou o prêmio de melhor roteiro no Festival de Cannes.
Já Abderrahmane Sissako conta em "Timbuktu" uma história de ficção inspirada em situações reais, sobre a ocupação de uma cidade com este nome no Mali por fundamentalistas islâmicos. Eles impõem o terror no local, proibindo mulheres de exibir o corpo, e banindo a música e o futebol, entre outros. Ainda que de forma não exagerada, o filme é abertamente crítico e, até, debochado com os fundamentalistas, mostrando o absurdo e o ridículo de muitas de suas decisões. O ataque aos cartunistas e jornalistas da revista francesa "Charlie Hebdo", em janeiro, de certa forma dá ainda mais visibilidade a "Timbuktu".
Qual vai levar a estatueta? Prefiro não especular. Quis apenas, com estes breves resumos, chamar a atenção para a qualidade muito acima da média destes quatro filmes e do privilégio que é poder vê-los neste momento.
Abaixo, trailers dos quatro concorrentes ao Oscar:
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