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Uma lição do professor Snape que pode interessar a atores de novelas

Mauricio Stycer

14/01/2016 17h10

A morte do ator Alan Rickman, anunciada nesta quinta-feira (14), está sendo uma oportunidade para lembrar como se deu a composição do personagem Severus Snape na versão de "Harry Potter" para o cinema.

Anos antes de publicar o último livro da série, J. K. Rowling revelou a Rickman como seria o desfecho do personagem. Por confiar muito no ator, a autora contou a ele que Snape mostraria um lado bom até o fim da série.

De posse desta informação fundamental, Rickman criou o seu Snape no cinema – um tipo ambíguo, com nuanças. "Era divertido ver quando diretores mandavam Alan agir de determinada forma em uma cena e ele respondia: 'Não, eu não posso fazer isso. Eu sei o que vai acontecer com o personagem e você não'", contou o produtor David Heyman ao lamentar a morte do ator.

Acrescenta o produtor: "Ele tinha uma compreensão real do personagem e, agora, olhando para trás, você pode ver que havia sempre algo mais lá — um olhar, uma expressão, um sentimento, uma dica sobre o que estava por vir. A sombra que ele lança nesses filmes é enorme e a emoção que ele transmite é imensurável".

Essa oportunidade que Rickman teve, de saber logo no início o que iria acontecer com o personagem sete filmes depois, é algo que todo ator sonha. Uma das dificuldades dos atores de novela, justamente, é não saber o que vai ocorrer com seus personagens ao longo da trama.

Por trabalharem com obras abertas, os autores dos folhetins da TV muitas vezes alteram o rumo e, mesmo, o caráter dos personagens no meio da história, deixando os atores perdidos.

Os fãs da série de filmes "Harry Potter" devem agradecer a Rowling pela ajuda que ela deu ao ótimo Rickman.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.