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Seis motivos que explicam o sucesso das competições de culinária na TV

Mauricio Stycer

20/10/2019 05h01

José Avillez, Leo Paixão, Claude Troigros, Kátia Barbosa e Batista, a turma do Mestre do Sabor

O lançamento quase simultâneo de três programas de competição culinária faz pensar sobre o que este tipo de atração tem de tão especial. Falo de "Mestre do Sabor", "Famílias Frente a Frente" e "MasterChef – Revanche". Vejo seis qualidades.

A primeira, e mais óbvia, é o interesse comercial que desperta. Como lembrou o colunista Chico Barney no podcast UOL Vê TV, a Globo estreou o seu programa com seis patrocinadores, o SBT conseguiu três e a Band arregimentou 13 marcas. Com a economia quase estagnada e o desemprego em alta, não há colírio melhor para as emissoras do que um programa com muitos anunciantes.

Em segundo lugar, o público da TV aberta demonstra ter um razoável interesse neste tipo de competição. "Mestre do Sabor" registrou 18,7 pontos no Ibope, em São Paulo (cada ponto equivale a 200.766 indivíduos). "Famílias Frente a Frente" marcou 7,8 pontos. E "MasterChef – a Revanche", talvez sofrendo pelo excesso de exploração da marca pela Band, desde 2014, somou apenas 2,9 pontos.

Sei que uma mesma pessoa pode ter visto os três programas. Mas, fazendo um exercício imaginário, somei a audiência dos três, o que leva a 29,4 pontos de audiência, ou um total de 5,9 milhões de pessoas vendo três programas do mesmo gênero num intervalo de seis dias.

Um terceiro aspecto a considerar é o fato de estas atrações despertarem interesse do público com maior poder aquisitivo. Os três programas são exibidos simultaneamente na TV paga e em um serviço de streaming. O programa da Globo é reapresentado no GNT; o da Band vai ao ar no Discovery Home & Health; e o do SBT tem parceria com a Amazon Prime Video.

Carmem Virgínia, o apresentador Tiago Abravanel, Gilda Bley e Alê Costa, do Famílias Frente a Frente

"Famílias Frente a Frente" é o único em que a exibição original não é na TV aberta. O acordo da Amazon com o SBT prevê prioridade para a plataforma digital de Jeff Bezos. "Não concorre com o nosso público", assegura a emissora de Silvio Santos.

Um quarto ponto importante é o entretenimento, propriamente. Está mais do que provado, a esta altura, que este tipo de atração mexe com a imaginação do público. Graças a bons recursos de edição e narrativa, os programas transmitem a essência do que é um reality show, "TV de verdade". Somos levados a crer que estamos vendo candidatos dispostos a tudo para vencer e superar os adversários.

Henrique Fogaça, Paola Carosella, Ana Paula Padrão e Eric Jacquin, os veteranos do MasterChef

Também é importante mencionar o enorme potencial de interação que estas competições proporcionam. É verdade que o SBT ainda está na pré-modernidade neste quesito, mas Globo, Band, Amazon e Discovery sabem aproveitar muito bem as possibilidades em matéria de segunda tela e interatividade.

Por fim, estamos tendo a chance de conhecer e/ou usufruir melhor do talento como comunicadores de uma série de figuras interessantes do mundo da gastronomia, como Paola Carosella, Éric Jacquin e Claude Troigros, entre outros. Novidade de 2019, o SBT tirou Tiago Abravanel da Globo para apresentar o seu programa.

Menos preocupados em ensinar culinária do que provocar os instintos de competição de chefs profissionais e amadores, os realities de culinária vieram para ficar na TV.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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