Qual será o futuro da HBO após o fim de “Game of Thrones”
Mauricio Stycer
21/04/2019 05h01
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A estreia da última temporada de "Game of Thrones", batendo recordes de audiência, ocorre num momento de incertezas sobre o futuro da HBO, canal que apostou desde o início na série baseada nos livros de George R. R. Martin
Alerta de spoilers: um resumo do primeiro episódio da oitava temporada pode ser lido aqui. E a explicação sobre a cena mais marcante do episódio está aqui.
Ao estrear na programação, em abril de 2011, "Game of Thrones" chamou a atenção por ser uma série que não tinha a cara da HBO. O mais antigo canal de TV por assinatura ainda em atividade (existe desde 1972), se tornou, a partir dos anos 1990, sinônimo de "qualidade" na TV americana com um outro tipo de programação.
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Não deixa de ser irônico que o maior sucesso da história da HBO, "Game Of Thrones", seja uma produção com um pé no mundo mágico, nada realista e distante da discussão de temas contemporâneos, como quase tudo que o canal fez de melhor.
Como mostra o professor e crítico Dean J. DeFino no livro "The HBO Effect" (2014), o modelo de negócios baseado em assinantes (em vez de publicidade) e a aposta em conteúdo inovador, a partir de séries como "Oz" (1997), "Sex and the City" (98) e "Família Soprano" (99), seguidas por outras como "A Sete Palmos" (2001) e "The Wire" (2002), colocaram a HBO em um outro patamar no mercado de televisão.
Esta semana, numa provocação aos fãs de Jon Snow e Daenerys, Chico Barney sugeriu uma lista de "5 séries da HBO muito melhores que Game of Thrones". A relação do colunista do UOL traz alguns outros títulos, além destes históricos que citei. Veja aqui.
Para complicar, a HBO vive desde 2018 cercada de incertezas sobre o seu futuro. O canal tinha uma linha de programação independente, e era valorizado por isso, estando sob o guarda-chuva da Warner. A incorporação deste grupo por um conglomerado ainda maior, a AT&T, num negócio de mais de US$ 80 bilhões, deixou a situação nebulosa. Não à toa, Richard Plepler, o chefão da HBO, deixou o cargo no final de fevereiro (ele trabalhou por 27 anos no canal).
Tudo indica que a AT&T e a Warner têm visões diferentes sobre a HBO. A empresa de telecomunicações, que pretende lançar o seu serviço de streaming ainda este ano, parece estar em busca de eficiência, enquanto o grupo que comandou o canal até pouco tempo tinha maiores ambições criativas.
A acompanhar.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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