Após chamar a Globo de “inimiga”, Bolsonaro recebe jornalista da emissora
Mauricio Stycer
01/03/2019 13h02
Imagem divulgada do café da manhã do presidente Jair Bolsonaro com jornalistas na quinta-feira (Foto: Marcos Corrêa/PR)
Duas semanas depois de gravar um áudio recriminando um assessor por "querer trazer o inimigo para dentro de casa", referindo-se à Globo, o presidente Jair Bolsonaro tomou café da manhã, no Palácio do Planalto, sentado entre Heraldo Pereira, apresentador da GloboNews, e Alexandre Garcia, funcionário da emissora por mais de 30 anos, até dezembro passado.
A situação deu margem a uma especulação. Teria sido um gesto de cortesia do presidente com a Globo? Não parece ser bem este o caso.
O encontro, num salão ao lado do gabinete presidencial, foi organizado pelo general Otávio do Rêgo Barros, porta-voz da Presidência. Foi ele quem chamou os onze jornalistas presentes, frisando que se tratava de um convite pessoal a cada um.
Os convidados foram Alexandre Garcia, Heraldo Pereira (Globo), João Beltrão (Record), Mauro Tagliaferri (RedeTV!), Sérgio Amaral (Band), Cláudio Humberto, Denis Rosenfield (colaborador do jornal O Estado de S. Paulo e professor de filosofia), Luis Kawaguti (UOL), Ana Dubeux (Correio Braziliense), Sônia Blota (Band) e Monica Gugliano (Valor).
Diferentemente da primeira impressão que pode ter causado, a presença do apresentador do "Jornal das Dez" não significa que o presidente tenha mudado de ideia sobre a Globo, mas sim que respeita, profissionalmente, Heraldo.
O jornalista da GloboNews relatou os detalhes do café da manhã em reportagem de pouco mais de três minutos para o "Jornal Nacional" desta quinta-feira (28).
Dirigindo-se aos presentes, na abertura do encontro, Rêgo Barros disse: "Quero, como porta-voz, agradecer a presença de vocês. Eu, pessoalmente, e nosso chefe da (Secretaria de) Comunicação, o Floriano (Barbosa), igualmente, queremos acolhê-los do mais fundo do nosso coração, esperando que vocês se sintam superbem aqui".
O general acrescentou, brincando, que durante o café da manhã os jornalistas poderiam contar piadas. "Que nós vamos rir, com certeza", prometeu.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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