MPF tenta, sem sucesso, conciliação entre Silvio Santos e Teatro Oficina
Mauricio Stycer
04/12/2018 22h54
O Ministério Público Federal em São Paulo promoveu uma reunião nesta terça-feira (04) com o objetivo de tentar encontrar uma solução para a disputa que se arrasta há anos entre o dramaturgo José Celso Martinez Corrêa, diretor do Teatro Oficina, e o Grupo Silvio Santos. A reunião não resolveu o impasse e o MPF cogita levar o assunto à Justiça.
A sede do Oficina, projetada por Lina Bo Bardi, é tombada pelo patrimônio histórico nas esferas federal, estadual e municipal. Já o grupo Silvio Santos é dono de um terreno ao lado do teatro no qual pretende construir um condomínio com duas torres residenciais de 80 m de altura cada, além de uma área comercial com estacionamento e lojas.
Em 2017, José Celso denunciou o caso ao MPF, que instaurou um Inquérito Civil Público para apurar os fatos. Segundo o Oficina, o empreendimento do Grupo Silvio Santos não respeitaria a preservação do patrimônio tombado, tanto do edifício, quanto do bem imaterial a ser preservado.
Participaram da reunião, além de representantes do Oficina e do empreendimento imobiliário, a procuradora da República Suzana Fairbanks Schnitzlein, responsável pelo caso, e representantes do Iphan, Condephaat e Conpresp, os órgãos de defesa do patrimônio histórico na esfera federal, estadual e municipal, respectivamente.
Também participou do encontro o vereador Gilberto Natalini. Ele é autor de um projeto de lei que prevê a criação de um parque municipal no local onde o grupo Silvio Santos pretende construir o residencial.
"Após ouvir os representantes dos órgãos de preservação do patrimônio cultural e os demais envolvidos, o MPF entende que há a possibilidade de se judicializar o caso, desempenhando sua missão constitucional de proteção do meio ambiente e do patrimônio histórico, em sua concepção ampla", afirmou a procuradora Suzana Fairbanks após a reunião.
Em agosto de 2017, Silvio Santos apresentou seus argumentos numa reunião com Zé Celso e o então prefeito João Doria na sede do SBT. O vereador Eduardo Suplicy (PT-SP) também estava presente. Um vídeo do encontro vazou alguns meses depois (veja abaixo).
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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Sobre o blog
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