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Tão bom quanto os vídeos, livro do Choque de Cultura ri da ignorância geral

Mauricio Stycer

15/11/2018 14h53

A partir da esq., Juliano Enrico, Pedro Leite, Caito Mainier, David Benincá, Daniel Furlan, Leandro Ramos, Raul Chequer e Fernando Fraiha

A primeira e mais importante observação a ser feita sobre "Choque de Cultura: 79 filmes para assistir enquanto dirige" é que se trata de um livro engraçado demais. Escrevendo como falam no vídeo, Rogerinho do Ingá, Julinho da Van, Renan e Maurílio dos Anjos levam o leitor a gargalhar sozinho, chamando a atenção de quem está em volta.

A segunda observação é que os autores deste livro são oito – os quatro atores que dão a cara a tapa, Caito Mainier, Leandro Ramos, Daniel Furlan e Raul Chequer, além de três outros roteiristas do "Choque de Cultura", David Benincá, Juliano Enrico e Pedro Leite, e o diretor do programa, Fernando Fraiha (os oito estão na foto no alto).

Isso ajuda a tornar ainda mais indeterminada a questão da autoria dos textos de cada personagem do quarteto. E acho legal não saber quem escreveu o que nos roteiros bem como nas resenhas do livro, reforçando a ideia de um coletivo de humor.

Uma terceira observação é que a leitura das críticas de filmes considerados clássicos do cinema, como "O Encouraçado Potemkin", "Laranja Mecânica", "O Poderoso Chefão" ou "Solaris", entre muitos outros, ajuda a entender ainda mais claramente do que nos vídeos a força do humor do "Choque de Cultura".

Além de rir o tempo todo do universo do cinema, eles não esquecem de zoar conosco, seus leitores e espectadores, que falamos sobre qualquer assunto sem entender nada a respeito. Neste nosso mundo, o de comentaristas de tudo, a história parece ter começado ontem.

Por isso, Sergei Eisenstein (1898-1948) copiou Brian de Palma em "Os Intocáveis" (1987) e "o jogo de batalha naval que passava no Bozo". O clássico de Stanley Kubrick não passa de um "Loucademia de Polícia 3" que deu errado. A trilogia de Francis Ford Coppola inspirou no Brasil a série "A Grande Família". E Tarkovsky pronuncia-se "tchaicósvski".

O "Glossário Fundamental do Cinema Mundial" realça esta piada sobre a incultura geral com verbetes como Federico Fellini ("Famoso diretor de pornochanchadas italianas"), Francisco Cuoco ("ator velho"), Glauber Rocha ("Diretor genial de filmes ruins") e Quentin Tarantino ("Inventor da conversa em lanchonete no cinema, amplamente utilizada em Malhação").

Enfim, já dei spoiler demais. No ar há dois anos, o "Choque de Cultura" pode ser visto no canal da TV Quase e, nestes últimos meses de 2018, na Globo, logo depois da exibição dos filmes da Temperatura Máxima, aos domingos. "Choque de Cultura: 79 filmes para assistir enquanto dirige" (Record, 240 págs., R$ 37,90) já foi lançado em São Paulo e Curitiba e tem lançamento previsto para o próximo dia 22 em Vitória.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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