Madureira vê "viés autoritário" em demissão; Jovem Pan nega razão política
Mauricio Stycer
17/10/2018 12h41
Demitido de forma "intempestiva" da Rádio Jovem Pan, segundo as suas palavras, Marcelo Madureira se diz "bastante surpreso" com o que ocorreu. O ex-Casseta lamenta que não teve a oportunidade nem de falar uma última vez com os ouvintes. "Não me deram nenhuma explicação. Pedi para me despedir do público, mas não deixaram", conta. "O que ocorreu me deixou verdadeiramente com uma pulga atrás da orelha".
O colunista Flávio Ricco, no UOL, que deu a notícia da saída de Madureira, levantou a hipótese que a demissão poderia estar relacionada ao fato de ele ter sido um dos signatários do manifesto suprapartidário "Democracia Sim", divulgado em 23 de setembro, contra a candidatura de Jair Bolsonaro.
Há cerca de dois anos Madureira era um dos apresentadores do programa "3 em 1", ao lado de Vera Magalhães e Carlos Andreazza. O ex-Casseta lembra que, do ponto de vista político, sempre se colocou criticamente em relação ao PT e Lula. Mas afirma que buscava "dar porrada nos dois lados" em seus comentários.
"O que eu posso dizer é que a minha demissão mostra um viés autoritário". Madureira considera que a rádio foi "indelicada com o público". E, ao não dar satisfações a ele sobre as razões da demissão, reafirma, exibiu uma "postura autoritária".
O diretor de jornalismo da Jovem Pan, José Carlos Pereira, diz que a saída de Madureira foi "uma mudança normal". Pereira assegura que a decisão "não tem nada a ver com questão política". O executivo confirma que o ex-Casseta foi demitido de um dia para o outro, mas lembra que a sua saída foi comunicada abertamente ao público por Vera e Andreazza.
Pereira observa que a Joven Pan "valoriza a opinião dos seus profissionais" e insiste que a saída de Madureira "não resvalou em momento algum na questão política".
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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