Nem Catarina, nem Amália, a rainha de “Deus Salve o Rei” foi Selena
Mauricio Stycer
30/07/2018 05h02
Foi preciso esperar até o capítulo 173, o penúltimo de "Deus Salve o Rei", para descobrir que a única jovem com sangue real na novela é Selena (Marina Moschen). Nem Catarina (Bruna Marquezine), nem Amália (Marina Ruy Barbosa) chegam aos pés da chefe da guarda real de Montemor em matéria de nobreza.
Já Catarina, descobrimos no capítulo de sábado (28), é filha de Brice (Bia Arantes) com Martinho (Giulio Lopes). O artesão, casado com Constância (Débora Olivieri) e pai de Amália, teve um caso com a bruxa. Ou seja, as duas arquirrivais não apenas são plebeias como irmãs, filhas do mesmo pai.
Mas não foi apenas por conta da genealogia que Selena brilhou mais que Catarina e Amália em "Deus Salve o Rei". A história da personagem vivida por Marina Moschen foi muito mais interessante e rica que a mocinha e a vilã, que passaram a novela inteira envolvidas em joguinhos infantis de poder.
Desde o início, Selena encarnou o ideal feminista. Contrariando o que se esperava dela, trabalhar na cozinha do castelo real, a jovem buscou espaço entre os rapazes que faziam treinamento militar. Foi a primeira mulher do reino a ser aceita no exército de Montemor.
Mais importante, Selena convivia com o segredo de ser bruxa. Ela usava os seus poderes para o bem, mas precisava esconder isso de todos sob o risco de ser levada para a fogueira. Esta sua história ajudou a falar sobre a dificuldade que as pessoas têm diante dos que são diferentes.
É verdade que Selena ficou em segundo plano o tempo todo, enquanto Amália e Catarina disputavam a atenção do público. Uma pena.
Marina Moschen tem 21 anos, um a menos que Bruna Marquezine e Marina Ruy Barbosa. Tem "apenas" 2,4 milhões de seguidores no Instagram, uma ninharia perto dos 30 milhões da primeira e dos 26 milhões da segunda.
Diferentemente das duas, não foi atriz infantil – começou em 2015, com um pequeno papel da primeira fase de "Os Dez Mandamentos", na Record, e no mesmo ano foi Luciana, protagonista de "Malhação, Seu Lugar no Mundo", na Globo. Em 2016, saiu-se muito bem como a patricinha Yasmin, irmã de Leo Regis (Rafael Vitti) em "Rock Story".
Em resumo, com Selena, Marina Moschen foi a verdadeira rainha de Deus Salve o Rei".
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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