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Datena corrige erros, muda trilha, até dança, mas insiste em 6 horas no ar

Mauricio Stycer

29/04/2018 21h00


Sete dias depois de uma estreia arrastada e tediosa, José Luiz Datena voltou ao palco da Band para uma segunda maratona de seis horas, mas com várias modificações e correções de rumo.

"Agora É com Datena", em primeiro lugar, mudou radicalmente o cardápio musical. A aposta da estreia foi exclusivamente em música sertaneja e romântica, com Bruno & Marrone, Matogrosso & Mathias, Amado Batista e Zezé di Camargo. Neste domingo (29), mais arejado, ele abriu espaço para a cantora Iza, o rapper Projota e o sambista Dudu Nobre.

É verdade que a falta de cuidado com o playback continua. Enquanto Iza cantava "Pesadão" ao vivo, a voz de Falcão, que faz participação especial na gravação da música, mas não estava presente, foi ouvida no palco.

Projota proporcionou um momento bacana ao observar que, por conta de sua origem humilde, podia-se esperar que um dia virasse personagem de um algum programa policial, como o "Brasil Urgente" que Datena apresentava: "As pessoas falavam que eu ia aparecer na TV só se fosse no programa do Datena e eu realmente tô no programa do Datena", disse.

Novidade importante, o programa veio com um concurso musical chamado "Caixa de Talentos", que preencheu uma boa hora da atração. O formato, interessante, traz oito candidatos, que disputam sempre em duplas, até a final. Além do júri, formado por Gloria Groove, Mateus Massafera, Vanessa Jackson e o ex-jogador Neto, a plateia no auditório também vota.

Sobre a presença do comentarista esportivo da Band no júri, Datena explicou que "absolutamente não deve entender muito de musica", porém "pra entender de música basta ouvir e você ouve musica da melhor qualidade". E acrescentou o que espera do amigo: "Você não veio aqui fazer papel de bonzinho. Você vai ser o Pedro de Almeida, Pedro de Lara misturado com Aracy de Almeida". Lógico que Neto não foi nada disso, mas tudo bem.

Bem mais à vontade do que na estreia, Datena até ensaiou algumas dancinhas no palco, enquanto Iza cantava. Também buscou interagir mais com o seu auditório, convidando duas pessoas da plateia a cantar no palco. O apresentador precisa atenuar o mau hábito de falar no microfone enquanto as atrações musicais estão em ação.

A pauta do programa também foi mais variada do que na estreia. Uma reportagem lembrou a morte de Agildo Ribeiro, ocorrida na véspera. Uma matéria mostrou o uso ilegal de um serviço de ambulância para fugir do trânsito em São Paulo. Ciro Gomes deu entrevista ao vivo, diferentemente de Bolsonaro, cuja conversa com Datena uma semana antes foi gravada previamente e exibida editada.

A ausência de música sertaneja no palco foi bem compensada por uma reportagem que mostrou o apresentador em Goiânia ao lado da dupla João Neto & Frederico em um passeio pela cidade. Um depoimento de Leonardo lembrou os 20 anos da morte do cantor Leandro, ocorrida em 23 de junho de 1998. E um menino realizou o sonho de conhecer Zezé di Camargo depois de pescar.

O gameshow "A Fuga", exibido na parte final, foi estendido neste segundo programa. De uma hora passou para 80 minutos, num sinal de que a emissora aposta no formato.

Foi, enfim, um programa com muito mais atrações que o da estreia, o que ajudou, e muito, a atenuar a longa duração. Ainda assim, acho um erro Datena e a Band insistirem em ficar seis horas no ar. É um exagero.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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