Com irmão de Mariano, Walcyr recicla tema de novela da Record de 1977
Mauricio Stycer
10/03/2018 05h01
Um novo personagem entra em cena em "O Outro Lado do Paraíso" na próxima segunda-feira (12). Trata-se de Johnny (Bruno Montaleone), o irmão por quem Mariano (Juliano Cazarré) fez os maiores sacrifícios para se formar em medicina. Como já revelou o site Notícias da TV, o garimpeiro vai se decepcionar muito ao descobrir que o irmão mais novo o enganou. Johnny confessará que, em vez de estudar, gastou o dinheiro de Mariano na farra e levará uma surra.
A descrição desta trama é idêntica a uma de "O Espantalho", novela de Ivani Ribeiro (1922-1995), exibida em 1977 na Record (SP) e na TVS (Rio). Neste primeiro folhetim produzido nos Estúdios Silvio Santos, Juca (Rolando Boldrin) é dono de um restaurante na cidade litorânea de Guaianá e financia os estudos de medicina do irmão mais novo, Dirceu (Eduardo Tornaghi), que vive na capital. Até descobrir que o rapaz torrou em noitadas todo o dinheiro que ele enviava.
A história destes dois irmãos ressurge alterada em "Mulheres de Areia", exibida pela Globo em 1993. Com Gloria Pires no papel das gêmeas Ruth e Raquel, esta novela é um remake que Ivani Ribeiro escreveu de sua novela original, de 1973, exibida na Tupi, incorporando também algumas tramas de "O Espantalho".
Alias, este é um enredo mais do que batido. Com algumas variações – pais orgulhosos do filho que estuda para virar doutor, mas ele estava na farra torrando a grana da faculdade – já apareceram também em "De Corpo e Alma" (1992), de Gloria Perez, e em "Fera Ferida" (1993), de Aguinaldo Silva, como lembraram alguns leitores. Na primeira, o personagem de Guilherme Leme (Agenor) enganava os pais, vividos por Hugo Carvana e Aracy Cardoso, dizendo que estudava engenharia. E na segunda, era Etevaldo Praxedes de Menezes (Pedro Vasconcelos) que ludibriava os pais, vividos por Juca de Oliveira e Vera Holtz.
A referência a "O Espantalho" se soma a várias outras usadas por Walcyr Carrasco em "O Outro Lado do Paraíso". Veja algumas:
Agradeço ao amigo Nilson Xavier pela ajuda na pesquisa e ao leitor Rafa Bauer pelas lembranças de outros casos.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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