Com todo respeito a Juliana Paes, melhor atriz de 2017 foi Leticia Colin
Mauricio Stycer
11/12/2017 19h41
O prêmio se chama "Melhores do Ano", mas o correto seria chamar "Melhores da Globo", já que a seleção inicial dos candidatos é feita por funcionários da emissora e não inclui candidatos de outros canais.
Apresentado anualmente no "Domingão do Faustão", o prêmio mobiliza fã-clubes na fase final de votação, gera muita repercussão e, aparentemente, é levado a sério por muita gente – quando, na verdade, não passa de uma "festa da firma".
A escolha na categoria de "melhor atriz de novela" foi a que provocou maior barulho. O burburinho indicava que a favorita era Juliana Paes, por seu trabalho como Bibi em "A Força do Querer", de Glória Perez. Mas quem venceu foi Paolla Oliveira, a major Jeiza da mesma novela.
Com todo respeito a Juliana Paes, que admiro, gostaria de dar um pitaco bem pessoal neste assunto. A atriz de novela que mais me impressionou em 2017 foi Letícia Colin, como Leopoldina, a protagonista de "Novo Mundo", de Thereza Falcão e Alessandro Marson.
A atriz criou um tipo luminoso, com inúmeras gradações ao longo de quase seis meses. Com sutileza, foi expressando a transformação da personagem a cada etapa de sua trajetória, entre 1817 e 1822.
Leopoldina chega ao Rio em 1817 para ser a mulher de d. Pedro (Caio Castro) sem jamais ter visto o seu príncipe. Ela se apaixona pelo marido, mas aos poucos, ao descobrir que ele tem uma amante, entra em depressão profunda, mas conserva o espírito público e tem papel determinante na Independência, em 1822.
Letícia dominou de tal forma a cena na novela que os autores pouparam os espectadores de assistirem aos seus dias finais, que são muito tristes. A Leopoldina da novela ganhou a batalha final contra Domitila de Castro (Agatha Moreira), a futura Marquesa de Santos, num "final feliz" sem paralelo na história real.
Juliana Paes criou uma Bibi muito expressiva, mas tenho a impressão que as incoerências da personagem ao longo da trama tornaram o seu trabalho complicado demais – e ela acabou carregando nos gestos. Qualquer profissional teria dificuldades em lidar com uma personagem tão emotiva, carinhosa, possessiva, burra, egoísta e maldosa ao mesmo tempo.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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