Topo

“Tiradas do contexto, cenas em que gritei com alunos ficam horríveis”

Mauricio Stycer

04/10/2017 06h01


O coreógrafo Ivaldo Bertazzo enviou uma nota ao blog, no qual comenta o processo de criação do espetáculo de dança "Próximo Passo", que será exibido neste final de semana, no Sesc Vila Mariana, em São Paulo. Embora não mencione o nome do jornalista Fernando Rocha, nem do "Bem Estar", o texto de Bertazzo é uma resposta – educadíssima – à edição do programa da Globo que o exibiu aos gritos com alunos bem como aos comentários feitos pelo apresentador em entrevista ao blog, publicada na terça-feira (03). Veja:

Seria bom ver também os risos que se seguem, diz Ivaldo Bertazzo

Gostaria de expor alguns pontos importantes sobre o espetáculo Próximo Passo, que foi objeto de matéria em seu blog.

O Projeto Cidadão Dançante tem mais de 40 anos. Em todo esse tempo desenvolvi um trabalho com pessoas comuns, com pouca ou nenhuma experiência com a dança. O objetivo é e sempre foi desenvolver habilidades psicomotoras e abrir novos caminhos para essas pessoas.

Neste ano surgiu a possibilidade de associar os benefícios da dança ao tratamento da depressão, graças a um convite do Laboratório Libbs. Em momento algum existiu a proposta de curar alguém da depressão com a dança ou de colocar a dança como terapia para a depressão. A ideia, desde o início, é usar a dança como mais uma ferramenta no tratamento multidisciplinar da doença, que, como todos sabem, deve ser tratada com acompanhamento médico e psicológico.

Todo o processo de seleção foi acompanhado por médicos e psicólogos, mas jamais houve a proposta de acompanhamento psicológico durante o desenvolvimento do projeto (ensaios, espetáculo, etc).

Os selecionados apresentaram atestados médicos autorizando suas participações, e estes pressupõem que o participante esteja mental e fisicamente apto a participar de um projeto de grande porte, onde cada um é responsável pela sua saúde.

Durante esses quatro meses, a evolução de cada indivíduo foi enorme. Como exemplo, posso citar Silvia Malanzuk, que faz parte do grupo e afirma em uma carta que, graças ao projeto e aos ensaios, conseguiu retomar sua carreira como atriz. Vários outros Cidadãos Dançantes relatam ganhos. Te convido a conhecer o projeto e a turma.

Todo o processo do Próximo Passo reproduz dificuldades que enfrentamos no dia a dia, como necessidade de superação, aceitação, a necessidade de lidar com adversidades, mas tudo em um ambiente controlado e acolhedor. Algumas cenas que foram levadas ao ar mostram momentos em que gritei com alunos, falo palavrões. Tiradas do contexto, ficam horríveis. Faz parte da catarse que muitas vezes ocorre. Seria bom ver também os risos que se seguem, os comentários e a união que surge depois disso.

O que foi chamado de expulsão de um participante, na verdade, é a preservação da imagem de doze Cidadãos Dançantes que não estavam aptos a participar de uma cena de 2 minutos e meio de duração de um espetáculo de 1h15 minutos. Ninguém foi expulso, eliminado ou coisa do tipo. Outros participantes ficam mais tempo fora do palco. É assim em qualquer companhia de teatro, profissional ou amadora. É claro que há falhas em um projeto que dura 4 meses e envolve 40 pessoas. E estamos sempre abertos para conversar e evoluir.

O espetáculo estreia no sábado. Todos estão dedicados aos ensaios e ansiosos com seu desfecho. Gostaria de convidá-lo e a todos os seus leitores para ver o resultado desse enorme esforço do grupo.

Veja também

Bastidores da crise entre Fernando Rocha e o coreógrafo Ivaldo Bertazzo
Coreógrafo rebate críticas após expulsar Fernando Rocha de quadro na Globo
Fernando Rocha é criticado por bailarinos após polêmica e rebate
Blog do Arcanjo: Após polêmica com Fernando Rocha, espetáculo continua; leia carta do elenco

Siga o blog no Facebook e no Twitter.

Comunicar erro

Comunique à Redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:

“Tiradas do contexto, cenas em que gritei com alunos ficam horríveis” - UOL

Obs: Link e título da página são enviados automaticamente ao UOL

Ao prosseguir você concorda com nossa Política de Privacidade

Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


Newsletter