Relançada, biografia de Silvio em HQ mantém erros e traz 5 lições de vida
Mauricio Stycer
25/09/2017 05h01
Silvio Santos já era uma celebridade em 1969, quando Rubens Francisco Luchetti sugeriu escrever a sua biografia na forma de uma história em quadrinhos. Para sua surpresa, o apresentador topou.
Biógrafo e biografado se reuniam uma vez por semana, nos estúdios da Radio Nacional. "O Silvio recebia-me numa minúscula sala, colocava o relógio sobre a mesa e, durante dez minutos, relatava-me episódios de sua vida", conta Luchetti. "Eu ia anotando tudo apressadamente. E decorridos exatamente dez minutos, ele dava por encerrada a entrevista".
Foram quatro ou cinco encontros, recorda-se o autor, até que Silvio disse: "Daqui em diante, tudo quanto você criar será minha biografia oficial". Luchetti garante, porém, que não fez isso: "Encerrei-a no ponto em que ele terminou de me contar".
Naquela época, por acreditar que devia manter mistério sobre a sua vida pessoal, o apresentador omitia informações sobre o seu estado civil (era casado) e mentia abertamente sobre a idade, entre outros detalhes.
A HQ descreve os primeiros passos de Silvio, a carreira como camelô, os negócios na barca Rio-Nitéroi, o serviço militar na Aeronáutica, a vinda para São Paulo, o bar que abriu na cidade, a caravana do Peru que Fala, o trabalho na rádio e a compra do Baú da Felicidade.
Não há nada de muito revelador em "Silvio Santos – Vida. Luta e Glória", mas cinco lições e confidências do Patrão, algumas em chave de auto-ajuda, chamam a atenção. São elas:
1. O sorriso é a melhor arma para inspirar confiança. O homem que sorri é um homem confiante, de quem toda gente gosta.
2. Público e leão são a mesma coisa. Se a gente tem medo, ele nos engole. (lição que recebeu de um domador de circo).
3. Nunca soube de alguém que morreu de trabalhar.
4. Sempre fui de falar e sempre fui louco por dinheiro.
5. Lembre-se que eu comecei minha vida como camelô. Já viu algum camelô ter dificuldade de vender alguma coisa?
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.