Formato “original” da Globo, PopStar repete fórmula já testada por Raul Gil
Mauricio Stycer
07/07/2017 05h01
A Globo estreia neste domingo (9) um novo show de talentos musical. Os candidatos serão atores, apresentadores e humoristas da própria emissora, que vão se exibir em números musicais e disputar a preferência do público, em votação pela internet, além de ouvir comentários de dez especialistas – músicos profissionais.
Com apresentação de Fernanda Lima, a competição se dará entre o jornalista Alex Escobar, os atores André Frateschi, Claudio Lins, Eduardo Sterblicht, Érico Brás, Fabiana Karla, Lucio Mauro Filho, Marcello Melo Jr, Mariana Rios, Marcella Rica, Murilo Rosa e Thiago Fragoso, e os apresentadores Sabrina Parlatore e Rafael Cortez. O vencedor ganhará um prêmio de R$ 250 mil.
Em chamadas, "PopStar" está sendo anunciado repetidamente como "um programa original, criado pela Globo". E é isso que tem causado estranhamento.
Pensando na premissa principal – famosos mostrando seus talentos musicais –, não parece nada original. Outros programas ou quadros já exibiram conceitos muito semelhantes.
Vendo vídeos antigos de "Fora do Ninho" e comparando com as chamadas de "PopStar", não dá para colocá-los lado a lado em matéria de produção. O programa da Globo envolve um investimento muito maior e parece muito mais caprichado do que o quadro da Band. Mas isso não justifica chamar o formato de "original". A premissa é a mesma.
Por que a Globo está chamando "PopStar" de um "programa original" não está muito claro. De fato, não é um formato importado, como outros shows de talentos que a emissora já exibiu, tipo "Superstar" e "The Voice".
Mas ser um formato nacional não garante originalidade. Questionada, a emissora reconhece que a premissa principal do programa já foi usada antes. O que haveria de novo é a possibilidade de "mostrar um lado diferente" dos participantes. Veja abaixo a explicação da Globo:
"A disputa entre personalidades realizando performances artísticas pode ser comum a diversos formatos. O 'PopStar' se propõe a revelar uma habilidade desconhecida para a maioria do público de uma personalidade que já está familiarizada, de alguma maneira, com o mundo da música, reunindo característica"s absolutamente originais, incluindo a sua dinâmica, cenário e todos os elementos do formato. O programa quer surpreender o público mostrando um lado diferente deste artista."
Entendeu?
Agradeço ao leitor Diogo Augusto pela sugestão do tema deste texto.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.