Até os mais durões vão chorar ao ver documentário sobre Oscar na NBA
Mauricio Stycer
12/04/2017 04h01
A ESPN Brasil apresenta nesta quarta-feira (12), às 20h, "A Estreia", documentário de 30 minutos que registra a homenagem feita a Oscar Schmidt pela NBA em fevereiro deste ano, no All Star Weekend, realizado em Nova Orleans.
Oscar, como se sabe, foi selecionado pelo New Jersey Nets no "draft" de 1984 – o mesmo em que Michael Jordan, Charles Barkley, John Stockton e Hakeen Olajuwon também foram escolhidos. Mas o jogador brasileiro teria que abrir mão da seleção brasileira para atuar na NBA – o que ele não quis.
Em 2013, Oscar foi selecionado para integrar o Hall da Fama na NBA – uma das maiores honrarias do esporte nos Estados Unidos. "Sonhei a minha vida toda estar aqui. E estou", disse na ocasião, ao receber a homenagem das mãos de Larry Bird.
O ex-jogador fez o público rir ao dizer que foi a 144ª escolha, na sexta rodada, do draft de 1984. E depois explicou: "Quando me trouxeram o contrato, eu disse: 'Muito obrigado. Se eu jogar uma partida aqui, nunca mais vou poder jogar pela seleção do meu país'."
Como mostra o documentário da ESPN, Oscar guarda até hoje o contrato enviado naquela ocasião pelo time. E ao voltar aos EUA, para participar do All Star Game, antes visitou o clube onde nunca chegou a jogar e viu que o Brooklyn Nets o homenageou com uma camisa especial, número 14, hoje à venda na loja do time.
E, como em muitos momentos da carreira, ao seu lado, buscando as bolas que batiam na tabela e caiam de lado, estava sua mulher. O documentário mostra Maria Cristina Victorino acompanhando Oscar, que estava preocupado em não fazer feio na quadra da NBA, mesmo que em um "Jogo das Celebridades".
Como não poderia deixar de ser, a partida termina com a família toda em quadra, em lágrimas. Aos 59 anos, Oscar finalmente pode acrescentar este pequeno troféu à sua brilhante carreira.
Já critiquei, em outras ocasiões, reportagens esportivas feitas para a TV que apelaram ao melodrama no esforço, às vezes descarado, de emocionar o espectador. Dou um desconto para "A Estreia" por alguns motivos. O documentário tem bastante informação, é muito bem feito e exibe bastidores inéditos desta viagem de Oscar aos EUA. O fã não terá do que reclamar.
Mas, de fato, não precisaria forçar a mão no lado emocional. Em defesa desta opção, eu diria que o tom do programa combina perfeitamente com Oscar, um sujeito altamente emotivo, e que tem se superado nos últimos anos por conta de seus problemas de saúde.
Este texto foi publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
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