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Vitória de menino de 9 anos confirma vocação do The Voice Kids para “fofura”

Mauricio Stycer

02/04/2017 14h43


A vitória do menino Thomas Machado, de apenas 9 anos, corrigiu uma falha da primeira edição, quando o vencedor foi o adolescente Wagner Barreto, de 15 anos. "The Voice Kids" não é exatamente um concurso de talentos musicais. Mais que a voz, a afinação e a interpretação, importa o jeito e a falta de jeito, o desembaraço e a timidez, o conflito entre treino e espontaneidade de cada criança.

É desta mistura meio desengonçada que resulta a graça do programa – e o que encanta o espectador. Não à toa, desde a primeira edição os apresentadores falam abertamente da "fofura" dos candidatos – e ela tem sido um critério importante de escolha tanto dos "técnicos" quanto do público.

A segunda edição não foi muito diferente da primeira. Em matéria de audiência, os números relativos a São Paulo mostram que o sucesso se manteve praticamente estável. De uma média de 15,98 pontos em 2016, o programa chegou à final de 2017 com média de 15,7.

A troca de apresentadores não afetou em nada este resultado excelente no Ibope, mas é preciso dizer que André Marques talvez funcione melhor que Tiago Leifert em uma atração que privilegia a emoção sobre a sobriedade.

O eterno Mocotó da "Malhação" chorou em todos os episódios – em alguns momentos, de forma descontrolada. Enquanto Leifert tentou manter a pose nos momentos em que o "fofurômetro" explodiu em 2016, Marques se entregou à emoção, como se fosse pai das crianças, em 2017.

No mundo da fantasia que é um programa como este, a acusação sofrida pelo jurado Victor de agressão contra a mulher caiu como uma bomba – e a Globo, pega de surpresa, agiu rápido e mal. O cantor sertanejo foi extirpado do "The Voice Kids", como se a simples menção a seu nome ou a aparição de sua imagem pudessem "contaminar" a atração.

Continuo achando, como escrevi em 2016, que o "The Voice" para menores seria mais justo se dividisse a disputa em duas – uma para "kids" (de 9 a 12 anos) e outra para "teens" (de 13 a 15 anos).

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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