Quem ainda aguenta sequestro de mocinha em reta final de novela?
Mauricio Stycer
28/03/2017 05h01
Entre as muitas regras sobre como terminar uma novela, uma diz respeito ao calvário da mocinha: ela precisa sofrer até os 44 minutos do segundo tempo. Para isso, nada é melhor que um sequestro nos últimos capítulos. Funciona como a cereja no bolo, coroando tudo de ruim que aconteceu com ela ao longo de seis meses.
A lista de novelas recentes da Globo que tiveram sequestro nos últimos capítulos é enorme e, para citar apenas três títulos de cada horário (18h, 19h30 e 21h), inclui: "Êta Mundo Bom" (2016), "Além do Tempo" (2015-16), "Boogie Oogie" (2014-15), "Totalmente Demais" (2015-16), "I Love Paraisópolis" (2015), "Alto Astral" (2014-15), "A Regra do Jogo" (2015-16), "Babilônia" (2015) e "Império" (2014-15).
É como se os autores não assistissem às novelas dos colegas ou se sentissem realmente obrigados a incluir um sequestro no final de suas tramas. Uma recomendação para que pensassem em soluções alternativas seria muito bem-vinda.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.