México passa Brasil em assinantes de TV paga, mas fica atrás em receitas
Mauricio Stycer
20/03/2017 11h15
Sem crescer desde novembro de 2014, o setor de TV por assinatura no Brasil perdeu a liderança na América Latina para o México, que fechou 2016 com 21 milhões de assinantes, contra 18,8 milhões registrados aqui.
Ao divulgar os dados da pesquisa, a empresa britânica Digital Pay TV Research lembra que, na comparação com o México, o Brasil tem o dobro de residências com TV.
A pesquisa também realça o fato de que, apesar de o número de assinantes estar em queda, a receita do setor no Brasil é muito superior à registrada no México. "Os preços das assinaturas brasileiras são muito mais altos que as mexicanas (que são baixas devido à popularidade da TV por satélite pré-paga)".
Segundo uma previsão feita pela Digital Pay TV Research, o Brasil chegará a 21 milhões de assinantes em 2022, contra 25,2 milhões do México. Ainda segundo esta estimativa, o setor brasileiro vai gerar, daqui a cinco anos, uma receita estimada de US$ 6,9 bilhões, bem à frente do México (US$ 3,2 bilhões) e da Argentina (US$ 2,2 bilhões).
Esses dados podem ajudar a entender algumas movimentações recentes no mercado brasileiro. Na última semana, por exemplo, o grupo Turner anunciou uma mudança drástica em sua operação no Brasil, demitindo a cúpula de sua subsidiária.
Outra questão importante diz respeito à negociação, em curso, entre a Simba e as operadoras brasileiras em busca de remuneração pelos sinais dos canais Record, RedeTV! e SBT.
A ABTA (Associação Brasileira de TVs por Assinatura) tem manifestado interesse zero em ceder, argumentando que isso teria impacto sobre o custo das assinaturas e que, neste momento de crise, nem os consumidores nem as operadoras teriam como absorver este aumento. A Simba discorda (veja o vídeo abaixo) e acha que as operadoras podem, sim, absorver o aumento de custo que viria da remuneração do sinal dos três canais.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.