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Nunca um personagem agrediu tantas mulheres em uma mesma novela quanto Tião

Mauricio Stycer

20/02/2017 04h01

Já houve muitos agressores de mulheres em novelas, quase sempre com fixação em uma mesma vítima. É isso que torna Tião Bezerra diferente de todos eles. Nunca houve um personagem que tenha agredido tantas mulheres diferentes em uma mesma novela quanto o vilão de "A Lei do Amor".

Talvez o mais lembrado dos agressores seja o Marcos (Dan Stulbach), de "Mulheres Apaixonadas" (2003), que batia em Raquel (Helena Ranaldi) com uma raquete de tênis. Há quem se lembre do também violento Leonardo (Jackson Antunes), de "A Favorita" (2008), que agredia a submissa Catarina (Lilia Cabral). Em "Fina Estampa" (2011), antes de virar um personagem cômico, o motorista Baltazar (Alexandre Nero) espancava Celeste (Dira Paes). E, mais recentemente, em "A Regra do Jogo" (2015), Juca (Osvaldo Mil) fazia gato e sapato com Domingas (Maeve Jinkings).

Tião agride qualquer mulher que cruze o seu caminho. Já atacou fisicamente quatro personagens, além de agredir verbalmente várias outras.

Nos capítulos que foram ao ar nos últimos dias, o personagem vivido por José Mayer deu tapa na cara, empurrou e humilhou de todas as maneiras possíveis a vilã Magnólia (Vera Holtz). E não é a primeira vez que faz isso: há cerca de um mês, após saber que ela era amante de Ciro (Thiago Lacerda), deu um soco na cara da mulher.

Sua ex-mulher Helô (Claudia Abreu) foi outra vítima de agressões variadas. Também foi empurrada, levou tapa e, mais recentemente, perdeu um bebê que esperava devido a uma maldade armada por Tião.

O vilão também agrediu violentamente Jessica (Marcella Rica), uma garota de programa por quem se interessou. Uma das surras que deu na moça acabou levando Jessica a denunciá-lo à polícia. Foi enquadrado na Lei Maria da Penha e se viu obrigado a esquecer da garota. Mas ficou por isso mesmo.

Tião ainda atacou Camila (Bruna Hamu), neta de Magnólia, num período em que a patricinha resolveu experimentar a vida de garota de programa. O vilão também não poupou de agressões verbais várias outras personagens como Yara (Emanuelle Araujo), Gigi (Mila Moreira) e sua secretária Vanessa (Andressa Mirásci), entre outras.

Qual é o propósito disso tudo? Mais do que machista, Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari querem mostrar que Tião é misógino. E sua aversão às mulheres se explica pela violência que sofreu de Magnólia na juventude, quando ela não apenas o desprezou depois de uma noitada como o marcou com ferro em brasa.

Sua agressividade exagerada tem a função, claro, de estabelecer uma relação de antipatia e ódio com o espectador. Mas precisava ser tão repetitivamente violento?

Em tempo: Não deixa de ser irônico que justamente José Mayer tenha sido escalado para este papel. Em sua longa trajetória por novelas da Globo, sempre como galã, o ator ficou famoso como um dos maiores conquistadores de mulheres em folhetins.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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