Nunca um personagem agrediu tantas mulheres em uma mesma novela quanto Tião
Mauricio Stycer
20/02/2017 04h01
Já houve muitos agressores de mulheres em novelas, quase sempre com fixação em uma mesma vítima. É isso que torna Tião Bezerra diferente de todos eles. Nunca houve um personagem que tenha agredido tantas mulheres diferentes em uma mesma novela quanto o vilão de "A Lei do Amor".
Tião agride qualquer mulher que cruze o seu caminho. Já atacou fisicamente quatro personagens, além de agredir verbalmente várias outras.
Sua ex-mulher Helô (Claudia Abreu) foi outra vítima de agressões variadas. Também foi empurrada, levou tapa e, mais recentemente, perdeu um bebê que esperava devido a uma maldade armada por Tião.
O vilão também agrediu violentamente Jessica (Marcella Rica), uma garota de programa por quem se interessou. Uma das surras que deu na moça acabou levando Jessica a denunciá-lo à polícia. Foi enquadrado na Lei Maria da Penha e se viu obrigado a esquecer da garota. Mas ficou por isso mesmo.
Tião ainda atacou Camila (Bruna Hamu), neta de Magnólia, num período em que a patricinha resolveu experimentar a vida de garota de programa. O vilão também não poupou de agressões verbais várias outras personagens como Yara (Emanuelle Araujo), Gigi (Mila Moreira) e sua secretária Vanessa (Andressa Mirásci), entre outras.
Qual é o propósito disso tudo? Mais do que machista, Maria Adelaide Amaral e Vincent Villari querem mostrar que Tião é misógino. E sua aversão às mulheres se explica pela violência que sofreu de Magnólia na juventude, quando ela não apenas o desprezou depois de uma noitada como o marcou com ferro em brasa.
Sua agressividade exagerada tem a função, claro, de estabelecer uma relação de antipatia e ódio com o espectador. Mas precisava ser tão repetitivamente violento?
Em tempo: Não deixa de ser irônico que justamente José Mayer tenha sido escalado para este papel. Em sua longa trajetória por novelas da Globo, sempre como galã, o ator ficou famoso como um dos maiores conquistadores de mulheres em folhetins.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.