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Menos espontâneo, “The Voice Kids” tortura público e cantores com jurados indecisos

Mauricio Stycer

15/01/2017 16h09


Um dos grandes acertos da Globo em 2016, o "The Voice Kids" apostou, corretamente, em crianças sendo crianças, reuniu um bom time de jurados e apresentou uma edição generosa, sem apelar para golpes baixos. O resultado fez a audiência disparar e, como disse o então apresentador Tiago Leifert, o "fofurômetro explodir".

Parte da espontaneidade se perdeu nesta segunda edição, cuja estreia ocorreu no último dia 7. Meio por instinto, candidatos buscam agora mimetizar efeitos que deram certo no ano passado. Carlinhos Brown, Ivete Sangalo e a dupla Victor & Leo, igualmente, repetem frases e brincadeiras que, em 2016, pareciam originais.

Neste domingo, pelo menos cinco candidatos foram aprovados nos últimos segundos de suas apresentações. O padrão, que eleva a carga dramática do programa, pareceu ensaiado. Torturando quem está no palco e em casa, os jurados ficam se olhando, transmitindo indecisão, até que um deles aprova o cantor-mirim.

Falando sem parar, Brown perdeu o rumo várias vezes. "Aplausos para Campos do Jordão", disse, sobre um dos candidatos, originário desta cidade. "Sua voz é uma luz", exagerou Victor sobre uma das jovens cantoras.

André Marques, no lugar de Leifert, é uma novidade, mas ainda não teve a chance de mostrar nada no concurso. Tenso, talvez, não consegue disfarçar que está lendo o telepromter. Já Thalita Rebouças, também estreando este ano, parece desconfortável no difícil – e sem graça – papel de assistir o programa junto aos pais.

Como em 2016, mais do que o canto, é o excesso de fofura de alguns candidatos que mais diverte. Como o do menino Lucas Fernandes, de 9 anos, que confessou ter um problema: é emotivo demais. "Quero ganhar e ficar famoso, mas preciso arrumar esse negócio do choro", disse ele.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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