“A Lei do Amor” ousou com três relações inter-raciais, mas depois recuou
Mauricio Stycer
11/01/2017 04h00
Apesar dos seus muitos problemas, a atual novela das 21h enfrentou um dos grandes tabus da teledramaturgia brasileira: romances protagonizados por casais inter-raciais. Já rolaram três, até o momento. O problema é que até nesta questão, parece, "A Lei do Amor" está dando pra trás. Este foi o tema do "UOL Vê TV" desta semana (vídeo acima).
Outro casal era formado por Aline (Arianne Botelho) e Marcão (Paulo Lessa). A vilã júnior da novela, porém, sumiu. Alguns capítulos depois, seu namorado, que era traído por ela, também desapareceu. Não sabemos se vão reaparecer.
Será uma pena se nenhum destes três casais vingar. Será que estão sofrendo rejeição do público? Não será a primeira vez que isso ocorre. Existem vários relatos sobre isso desde a década de 60 do século passado.
"Passo dos Ventos", de Janete Clair, em 1968, causou polêmica ao exibir um casal inter-racial. Igualmente, "Corpo a Corpo", de Gilberto Braga, em 1985 (Zezé Motta e Marcos Paulo). Ou "Baila Comigo", de Manoel Carlos, em 1981 (Milton Gonçalves e Beatriz Lyra). Em todas estas novelas, atores relataram ter sofrido hostilidades dos público por causa da história.
Um exemplo bem-sucedido ocorreu em 2004, com "Da Cor do Pecado", de João Emanuel Carneiro. É a primeira telenovela da Globo protagonizada por uma atriz negra, Tais Araujo, cuja personagem, Preta, vive um romance com o milionário Paco (Reynaldo Gianecchini)."Xica da Silva" (1996), na Manchete, com a mesma Taís, foi a primeira telenovela com uma protagonista negra.
Taís Araujo, aliás, também foi a primeira Helena negra da série de novelas de Manoel Carlos. "Em Viver a Vida", de 2009, ela é uma modelo de fama internacional que, no auge da carreira, decide largar a profissão para se casar com Marcos (José Mayer).
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.