“JN” trata de forma desigual protestos de artistas contra Trump e Temer
Mauricio Stycer
10/01/2017 04h00
O protesto da atriz Meryl Streep contra o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, durante a cerimônia de entrega do Globo de Ouro, em Los Angeles, ganhou o mundo inteiro nesta segunda-feira (09). Foi o evento do gênero com maior repercussão internacional desde que, em maio do ano passado, a equipe do filme "Aquarius" fez uma manifestação, em Cannes, contra o presidente Michel Temer.
Por dois minutos e meio, o jornalista descreveu os acontecimentos, exibiu trechos traduzidos da fala de Streep, explicou o contexto das duras críticas a Trump, mostrou a resposta do presidente eleito e ainda lembrou que a atriz deve voltar a ser vista em público na cerimônia de entrega do Oscar.
William Bonner, na noite de 17 de maio, resumiu o assunto em 30 segundos – cinco vezes menos tempo do que o dedicado ao protesto de Meryl Streep. Foram exibidas algumas imagens, mas nenhum áudio do protesto. O apresentador informou que a presidente afastada Dilma Rousseff agradeceu o apoio e que o então presidente em exercício Michel Temer não quis se manifestar.
Temer não é Trump, mas me parece desproporcional, ao menos no principal telejornal brasileiro, o espaço dado aos dois eventos. O fato de a Globo ter se manifestado em editoriais contra a tese de que Dilma foi objeto de um golpe não deveria ser justificativa para tanta timidez – como ficou patente agora – na cobertura jornalística do protesto em Cannes.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.