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Top 15: os piores momentos da televisão em 2016

Mauricio Stycer

23/12/2016 06h01

A primeira retrospectiva de 2016 do blog traz uma quinzena de momentos pouco felizes na televisão. Junto na mesma lista programas que não deram certo e derrapadas em algumas atrações. Como toda relação deste tipo, esta minha é bem pessoal e aberta a sugestões, criticas e comentários dos leitores.

1. Gugu abriu o mausoléu de Dercy

Em fevereiro, Gugu Liberato voltou a apresentar o seu programa na Record "investigando" se o caixão de Dercy Gonçalves estava de pé ou deitado no mausoléu da família em Santa Maria Madalena. Qual o interesse, além de conquistar uns pontinhos a mais no Ibope? Nenhum. Quando, finalmente, abriu o mausoléu, deu uma olhada rápida lá dentro e informou aos espectadores que o caixão estava deitado. Em resumo, a montanha pariu um rato.

2. Francisco Cuoco constrangeu como italiano em "Sol Nascente"


Sem história, núcleos fracos e personagens bobos, "Sol Nascente" foi a pior novela do ano. Nada funcionou no folhetim de Walter Negrão, Suzana Pires e Julio Fischer. Pela milionésima vez, a trama girou em torno de um núcleo italiano estereotipado, ao lado de um núcleo de japoneses vividos por atores sem nenhum traço oriental. Personagens importantes foram mal caracterizados. O casal principal, formado por Bruno Gagliasso e Giovanna Antonelli, não colou. Os vilões, ninguém entendeu. E, não menos importante, a caracterização de Francisco Cuoco como italiano foi uma das piores que vi na televisão nos últimos anos — e olha que não faltam competidores neste quesito.

3. Silvio Santos desprezou o jornalismo no dia do impechment

Por decisão do dono da emissora, o SBT foi a única emissora que não transmitiu a histórica sessão da Câmara dos Deputados que decidiu pela abertura do processo de impeachment da então presidente Dilma Rousseff. A opção resultou em excelente resultado no Ibope. O SBT recuperou a vice-liderança enquanto todas as outras emissoras transmitiam ao vivo de Brasília. A experiência havia sido testada antes, num discurso da presidente (imagem acima). O desinteresse de Silvio Santos pelo jornalismo, notório e antigo, foi visto também quando ele nomeou um garoto de 18 anos para apresentar o telejornal "Primeiro Impacto".

4. Fogaça sentiu gosto de chulé ao provar um prato no MasterChef

O jurado Henrique Fogaça errou o tom algumas vezes nos dois programas que a Band exibiu em 2016. Numa delas, ao criticar o T-bone com molho barbecue feito por Fábio, Fogaça disse: "Tem gosto de chulé isso aqui, mano. Fedido, ruim, gorduroso." Apesar de destruído, o candidato ainda teve forças para fazer uma boa reflexão a respeito do terrível molho: "Como é que o Fogaça sabe o gosto de chulé?". A dúvida jamais foi esclarecida.

5. RedeTV! e SBT não perderam o mau hábito de repetir figurantes

O problema é antigo e não desapareceu em 2016. Programas populares, como "Você na TV", na RedeTV!, e "Casos de Família", no SBT, voltaram a apresentar os mesmos figurantes relatando dramas diferentes com intervalo de poucos dias. Seria cômico se não fosse ridículo. As emissoras se eximem de culpa. No caso da RedeTV!, o problema terminou depois que ela decidiu cancelar o programa apresentado por João Kleber.

6. Apresentadora argentina deu vexame com Cauã Reymond

Um caso internacional mexeu com a imaginação dos brasileiros. Em viagem a Buenos Aires para promover a estreia de "A Regra do Jogo" no canal Telefe, Cauã Reymond se sentou no sofá de Susana Giménez, uma espécie de Hebe Camargo argentina, para uma entrevista que virou motivo de piada. A conversa foi repleta de erros e mal-entendidos, causados principalmente por despreparo de quem fez a pauta para Susana. Vale rever aqui.

7. Ficou "estranho" o desfile de Carnaval do Rio na Globo

Como tem feito já há alguns anos, por causa da queda de audiência, a Globo dá início às transmissões do Carnaval com o desfile já em andamento e exibe, ao final, um compacto com a apresentação da primeira escola. O problema, este ano, foi que a transmissão começou antes do fim do desfile da Vila Isabel. Um áudio vazado expôs Luis Roberto e Fátima Bernardes incomodados com a situação. "Faltam duas alegorias. Isso não vai ser narrado pra Globo? Pro compacto?", pergunta ele. A resposta não é ouvida, mas possivelmente foi "não" já que Fátima observa: "Nossa, se o compacto ficar sem esse final vai ficar muito estranho."

8. Xuxa mudou tudo, mas continua com programa fraco e pouco Ibope

Maior contratação da história recente da Record, Xuxa passou 2016 sendo derrotada com grande freqüência pelos programas do SBT. A ansiedade com o desempenho do programa, tanto por parte da apresentadora quanto da Record, produziu duas mudanças drásticas este ano: a atração deixou de ser ao vivo e trocou de diretor. A audiência caiu. Cheguei a fazer algumas sugestões para a Xuxa, mas felizmente ela não me ouviu.

9. Um dia, Silvio decidiu que o SBT precisava ter um programa de fofocas

Feito às pressas, sem muito planejamento, corrigindo os rumos da atração às vistas do espectador, "Fofocando" é uma aula aberta do método Silvio Santos de pensar e gerir a sua televisão. Entre a contratação dos apresentadores, Luis Henrique (Mamma Bruschetta) e Leão Lobo, e a estreia da atração, em 1º de agosto, se passou apenas uma semana. Mara Maravilha foi chamada para reforçar o time, falando absurdos. Há ainda um homem com a cabeça coberta por um saco. E um único jornalista, Leo Dias, que entende do assunto. Como outros programas do gênero, o "Fofocando" não faz fofoca sobre artistas da própria emissora.

10. "X Factor" foi um desastre desde a seleção até o final

Formato consagrado em meio mundo, o concurso de talentos musicais demorou para chegar ao Brasil e, quando chegou, foi bem mal. A primeira triagem de candidatos para a versão brasileira foi um desastre de proporções épicas, a escolha dos jurados não funcionou, o nível dos candidatos deixou a desejar, a Band errou na forma de apresentar (dois dias por semana) e, talvez, tenha demorado demais para lançar o programa.

11. "Tá tranquilo, tá, exagerado": canais insistiram no samba de uma nota só

MC Bin Laden, cantor do hit "Tá Tranquilo, Tá Favorável", foi a figura mais vista na TV entre janeiro e fevereiro. Esteve em todos os canais. Depois sumiu. E a indústria musical, com a ajuda da produção de todos os programas, emplacou outros músicos, periodicamente, na sua TV. Entre tantas outras repetições, uma chamou a atenção: o ator Thiago Martins chegou a cantar na mesma hora em dois canais diferentes.

12. Sem ter visto filmes, Gloria Pires não foi capaz de opinar no Oscar


Comentando a entrega do Oscar na Globo, a atriz Gloria Pires foi, involuntariamente, a maior atração da noite. "Gloria, você gostou de 'Divertida Mente'?" E a atriz, sem titubear, respondeu: "Não assisti". Você acha que Lady Gaga leva essa?", quis saber Maria Beltrão sobre o Oscar de canção original. "Não sou capaz de opinar", respondeu a atriz, com estonteante sinceridade. "O que achou do Oscar a 'O Filho de Saul'?" "Não assisti". Um Oscar para ela.

13. Sem freios, Silvio fez comentário racista, piada com obesa e riu de Anitta

Como já é tradição no fim do ano, Silvio Santos deu show no do Teleton. Em uma conversa com um grupo musical formado por cinco mulheres acima do peso, o dono do SBT fez um comentário racista, ao falar para Daiane: "Você é muito graciosa. Embora sendo a única negra entre as brancas, é bonita. É bonita de verdade." Também observou: "Quem casar contigo vai ter dois prazeres. Um na hora do bem bom e outro na hora em que você sai de cima". Para Anitta, além de dizer que não conhecia seu repertório, se recusou a dançar com a cantora: "Quando danço fico muito excitado", disse o dono do SBT.

14. Pânico mudou quase tudo para continuar igual

Além da nova abertura, do novo cenário e da nova trilha sonora, o humorístico da Band apresentou três novos participantes e vários quadros novos no início de 2016. A ideia era convencer o espectador de que o velho e bom "Pânico" continua o mesmo de sempre, mas com roupa nova. O problema, infelizmente, é que a disposição não é suficiente se falta inspiração. O programa pareceu uma caricatura de si mesmo. No fim do ano, anunciou troca de diretor para 2017.

15. "Vídeo Show" noturno de Adnet não disse a que veio


Nem talk show, nem late show. O aguardado programa de Marcelo Adnet acabou se revelando uma espécie de "Vídeo Show" noturno, explorando basicamente o elenco da Globo em brincadeiras de salão. Roteirizado nos mínimos detalhes, sem lugar para improvisações ou surpresas, Adnet pareceu perdido no palco, preso a um texto muito ensaiado e sem espaço para mostrar as suas qualidades. A Globo já anunciou que terá uma segunda temporada em 2017. Tomara que melhore.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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