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“Reinventar é a nossa marca”: novo slogan anuncia o que a Record não faz

Mauricio Stycer

29/11/2016 06h01


Coisa de publicitário, o slogan é uma frase destinada a reforçar a marca, seja enfatizando algo que a simbolize muito bem, seja transmitindo uma mensagem que ela quer passar.

O novo slogan da Record, anunciado esta semana, é deste segundo tipo. "Reinventar é a nossa marca", diz a mais recente "assinatura" da emissora.

A novidade acompanha a mudança do próprio nome (em vez de Rede Record, agora é Record TV), além de toda uma reformulação da identidade visual e da logomarca da empresa.

O grande problema deste novo slogan é que transmite uma mensagem difícil de visualizar. Penso na programação da emissora. É um condensado de tudo que há de mais velho na televisão – programas de auditório da era do rádio, novelas em quatro horários, jornalísticos com pegada policial de manhã e de tarde, e um talk show no final da noite.

A campanha de lançamento do novo slogan e da nova identidade visual recorre a depoimentos de artistas e apresentadores da emissora falando sobre como eles se reinventaram. Tudo bem. Muitos, realmente, realizaram mudanças radicais em suas carreiras ao chegar à emissora.

Mas em que a Record se reinventou nos últimos anos? Ou décadas? É fato que a emissora estava mal das pernas quando Edir Macedo a comprou, em 1989. O líder da Igreja Universal investiu bastante, contratou muita gente, colocou a casa em ordem, fez mudanças importantes na grade e levantou – bem – os números de audiência. Ou seja, por conta desta história, poderia até usar o slogan: "reorganizar é a nossa marca".

Mas "reinventar"? Com todo respeito, não é uma palavra que combine com a Record. Na verdade, não combina com nenhuma emissora de TV aberta brasileira, mas é o canal de Macedo que está propondo o assunto.

Aliás, nenhuma empresa de TV renovou tanto o seu slogan nos últimos 15 anos. E, frequentemente, ela tem escolhido "assinaturas" bem longe da realidade. "A caminho da liderança" (2004) e "uma TV aberta para o novo" (2015) são dois exemplos de como a Record optou por projetar uma imagem irreal do que sonhava ser – muito longe do que era.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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