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Em “greve de silêncio”, Neymar é substituído por um holograma na Globo

Mauricio Stycer

16/11/2016 23h39


Sem falar com a mídia brasileira desde a final dos Jogos Olímpicos, em agosto, Neymar reapareceu na tela da Globo no intervalo da partida entre Peru e Brasil, na madrugada de quarta-feira (16). Uma imagem em computação gráfica do jogador surgiu no estúdio, enquanto Cleber Machado exibia estatísticas sobre o desempenho do jogador nas Eliminatórias sob o comando de Dunga e de Tite.

Foi uma situação um tanto quanto exótica, para não dizer ridícula, mas que diz alguma coisa sobre a relação da Globo com Neymar. Os números apresentados no "show do intervalo" deixam claro que o jogador está tendo desempenho bem melhor na atual fase do que na anterior.

Sob Dunga, Neymar foi alçado ao posto de capitão da seleção. No seu pior momento com a braçadeira, na Copa América de 2015, foi expulso depois do fim de uma partida perdida para a Colômbia. Seguiu como capitão até o fim da Rio 2016, quando anunciou que não queria mais ter esta função.

Na Copa América de 2016, que não jogou, Neymar postou uma mensagem nas redes sociais assim que a seleção de Dunga foi eliminada, ainda na primeira fase: "Agora, vai aparecer um monte de babaca pra falar merda, foda-se. Faz parte, futebol é isso. Sou brasileiro e tô fechado com vocês."

Durante os Jogos, Neymar reagiu mal às críticas recebidas por conta do desempenho decepcionante da seleção nas duas primeiras partidas (0 a 0 com África do Sul e Iraque). Depois do segundo empate, o jogador deixou o campo sem falar com a Globo no local programado, levando Galvão Bueno a fazer uma dura crítica a ele, ao vivo:

"As milhões de pessoas que estão em casa têm direito, sim, de ouvir. O seu ídolo, o seu jogador, aquele que joga com a camisa da seleção brasileira. É feio, muito feio, não é profissional, não é ético e não é correto, sair de campo o time inteiro e se negar a falar. Alguém tinha que assumir e falar".

Depois da conquista do ouro, ainda no gramado, Neymar falou com a Globo: "Vão ter que me engolir", disse ao repórter Eric Faria. E, desde então, nunca mais se dirigiu a jornalistas brasileiros.

Com Tite no comando da seleção já foram seis jogos e nenhuma entrevista ou mesmo palavra de Neymar. A explicação oficial é que se trata de opção do jogador. Nos bastidores, o gesto é visto como uma irritação ou ressentimento ainda não curado por conta das críticas ouvidas na Rio 2016.

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Texto publicado originalmente no blog UOL Esporte Vê TV.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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