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Mídia estrangeira não entende por que novelas têm prioridade sobre os Jogos

Mauricio Stycer

09/08/2016 12h37

Por que a Globo, principal rede de televisão do país, patrocinadora dos Jogos Olímpicos, praticamente não exibe competições em seu horário nobre, entre 18h30 e 22h? Esta questão está intrigando jornalistas estrangeiros, deslocados para o Rio, para a cobertura do evento.

Tenho ouvido esta pergunta com frequência aqui na Rio-2016. Nesta terça-feira (9), respondi sobre o assunto para Heather Hiscox, âncora do "CBC News Now", programa matinal diário da rede CBC, do Canadá. Na verdade, foi uma questão retórica, pois ela já sabia a resposta. Por causa das novelas.

Assim como a rede americana NBC conseguiu junto ao COI (Comitê Olímpico Internacional) a mudança do horário das finais de natação para às 22h, a Globo também pleiteou a alteração de horários de partidas de voleibol, por exemplo, para exibi-las depois da novela das 21h.

Diretora de desenvolvimento artístico da Globo, Mônica Albuquerque foi questionada sobre o assunto pelo "New York Times". Segundo ela, o Brasil "pararia" se a emissora suspendesse a exibição de novelas para mostrar competições esportivas. "É cultural. É parte da vida. Não consigo imaginar o Brasil sem novelas".

Ao final da partida da seleção feminina de vôlei contra a Argentina, encerrada na madrugada desta terça-feira (9), a bicampeã olímpica Thaisa reclamou. "É um horário ingrato com atleta. Agora, vai chegar que horas? Jantar, tomar banho até poder relaxar, adrenalina baixar e dormir, vai ser lá para madrugada. É complicado, horrível, para atleta é péssimo, mas as pessoas precisam pensar no lado do atleta, não só da mídia".

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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