Adultos são maioria do público da série jovem e das novelas infantis do SBT
Mauricio Stycer
21/07/2016 05h26
Exibindo novelas infantis em seu horário nobre desde 2012, o SBT está fazendo uma experiência interessante com "A Garota da Moto", uma série destinada a um público saído da adolescência.
O programa tem ido ao ar na sequência da exibição de "Cúmplices de um Resgate" e "Carrossel" (reprise), por volta das 21h40. Exibidos os primeiros cinco episódios, a sua audiência tem oscilado entre 10 e 11 pontos em São Paulo, basicamente o mesmo resultado das duas novelas.
"A Garota da Moto" é uma co-produção do SBT com a Fox, realizada pela Mixer. Conta a história de Joana (Chris Ubach), uma motogirl com jeitão de super-heroína, que protege o filho da perseguição de Bernarda (Daniela Escobar), uma milionária malévola.
Com parte dos recursos captados junto ao Fundo Setorial do Audiovisual, da Ancine, "A Garota da Moto" exibe um padrão de qualidade superior aos das novelas do SBT, com muitas cenas externas e ótimas imagens de motocicletas pelas ruas de São Paulo.
Texto e direção de atores, porém, deixam a desejar. Apesar de destinada ao público pós-adolescente (ou "early 20´s", no jargão do mercado), a série trata o espectador como criança, explicando a ação por meio de depoimentos das duas protagonistas ou com diálogos mastigados demais. Talvez por conta desta deficiência, a encenação é frequentemente teatral, sem naturalidade alguma.
Ainda assim, há um mistério envolvente na história, capaz de manter o espectador ligado. Há também um núcleo de humor curioso, em torno de uma empresa de motoboys.
Ao final dos 26 episódios, em meados de agosto, o SBT volta com a sua programação normal (o programa de Ratinho tem entrado mais tarde por conta da série). "A Garota da Moto" é vista como um teste pela emissora. Espero que estimule a produção de outras.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.