Globo hesita na cobertura do caso Ana Hickmann e Record cresce no Ibope
Mauricio Stycer
23/05/2016 10h08
Um dos principais assuntos dos últimos dois dias, a tentativa de assassinato de Ana Hickmann por um fã tem merecido cobertura hesitante da Globo.
O caso ocorreu por volta das 13h de sábado (21). A própria Record, surpreendida, demorou para dar as primeiras informações e foi "furada", como se diz no jargão jornalístico, pela Band. A Globo só deu a notícia em seu jornal local (MG TV), não abrindo espaço no "Jornal Nacional".
No domingo (22), quando as informações já eram fartas, e mostravam se tratar de um caso dramático e muito incomum, a Globo se limitou a falar do assunto por 49 segundos no final do "Fantástico".
A Record, evidentemente, nadou de braçada. Exibiu longa reportagem no "Domingo Espetacular", além de entrevistas exclusivas com Ana e com seu cunhado. Até o SBT, com seu jornalismo contido, explorou o caso no "Domingo Legal", de Celso Portiolli.
Os números prévios do Ibope mostram que o público queria informações sobre o caso. O "Domingo Espetacular" registrou média de 16 pontos em São Paulo, empatando em seu horário com o "Fantástico". A entrevista com Ana teve média de 20 pontos, com pico de 22.
Nesta segunda-feira (23), quase 48 horas depois do ocorrido, a Globo tratou com um pouco mais de generosidade do caso. O "Bom Dia Brasil" exibiu uma reportagem ampla, por dois minutos e meio, sobre o andamento das investigações.
Por qualquer ângulo que se analise, do ponto de vista jornalístico, a tentativa de assassinato de Ana Hickmann é notícia relevante. Por isso, é difícil entender o comedimento da Globo no caso.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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