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Com 3 casamentos em 3 meses, "Êta Mundo Bom" abusa do direito de se repetir

Mauricio Stycer

21/04/2016 05h01


Quem acompanha as novelas de Walcyr Carrasco sabe que pode contar com momentos de humor bem típicos. Nas tramas do autor, em especial as das 18h, sempre ocorrem confusões em casamentos, guerra de comida e tombos em chiqueiro.

"Êta Mundo Bom", como seria de esperar, não está decepcionando. Ao contrário, chegando ao capítulo 81, está correndo até o risco de empapuçar o espectador.

Nesta quarta-feira (20), por exemplo, Carrasco serviu ao público o terceiro casamento da novela – uma média de um por mês de novela.

Como nas duas situações anteriores, o enlace não se concretizou. Momentos antes do "sim" de Eponina (Rosi Campos), uma mulher entrou na igreja e informou a todos que Inácio (Mauro Mendonça) é casado com ela.

E, em casa, na sede da fazenda, diante de toda a comida que havia sido preparada para a festa, uma confusão boba deu início a uma guerra de bolo, envolvendo todos os personagens. Só não teve banho no chiqueiro.

A sequência toda foi idêntica a uma ocorrida apenas uma semana antes. No capítulo 74, o casamento de Sandra (Flavia Alessandra) com Ernesto (Eriberto Leão) foi cancelado no altar, quando Pancrácio (Marco Nanini) denunciou que o noivo estava enganando a todos, se fazendo passar por Candinho. Na continuação, houve a tradicional guerra de bolo.

O mesmo padre que quase casou Eponina em Piracema foi o responsável pelo casamento frustrado de Mafalda (Camila Queiroz) e Romeu (Klebber Toledo), no capítulo 24. Próxima do altar, a noiva viu seu vestido se desintegrar, depois que Eponina cortou alguns fios. "Noiva pelada não casa", avisou o padre.

Carrasco já falou sobre esta sua obsessão por casamentos fracassados. Em entrevista ao "Video Show", em 2011, explicou: "Eu me divirto com essas situações de casamento e acho que o público se diverte também O duro é inventar cada vez um casamento que não fiz ainda".

Os números de audiência indicam, até agora, que o público concorda com o autor. Mas acho que Carrasco corre o risco de cansar mesmo os maiores fãs com esta repetição quase automática de alguns mesmos recursos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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