No ano em que foi mais duro com a TV, Tá no Ar faz carinho no SBT no final
Mauricio Stycer
06/04/2016 02h12
Encerrada nesta terça-feira (05), a terceira temporada foi de longe a melhor e mais forte do "Tá no Ar". Além de rir dos exageros e absurdos da televisão, o seu principal objetivo, o humorístico da Globo foi além, deixando clara a sua posição em relação a temas da atualidade do país.
O programa de Marcius Melhem, Marcelo Adnet e Mauricio Farias foi impiedoso com a parte mais preconceituosa da elite econômica do país (no quadro "Balada Vip"), bem como com a exaltação da violência policial ("Jardim Urgente" e "Pitombo Game Show") e com o excesso de religião na TV (diversos esquetes).
Curiosamente, a principal atração do último episódio de 2016 não foi uma crítica, mas uma homenagem carinhosa a Carlos Alberto de Nóbrega, ao programa que apresenta há décadas, "A Praça É Nossa", e ao SBT como um todo.
O apresentador encarnou o seu personagem na "Praça" em conversa com a "Velha Surda", uma recriação de Marcius Melhem da personagem vivida longamente por Roni Rios (1936-2001).
Carlos Alberto de Nóbrega: Me convidaram pra vir e eu vim, porque eu não sou bobo.
Velha Surda: Ah, vai trabalhar na Globo?
CAN: A senhora não entende a minha explicação!
VS: Pediu demissão?
CAN: Mas não é possível!
VS: Brigou com o Silvio? Que loucura. Brigou com mais gente também?
CAN: A senhora tá Pinel!
VS: Ah, com toda a família Abravanel!?
CAN: Pelo amor de Deus! Estou tratando a senhora com carinho!
VS: Ah, prefere os Marinho! Safado…
CAN: Estou ficando nervoso.
VS: Ah, pagaram mais pro Bozo!
CAN: Eu vou voltar pro SBT e a senhora sabe pra onde vai? (cochicha algo no ouvido dela)
VS: O que tem o Raul Gil?
Que o "Tá no Ar" volte o quanto antes com críticas e homenagens à televisão.
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Humor tem lado
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.