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Nas suas críticas à Globo, Boni fala em nome de alguém? E para quem?

Mauricio Stycer

18/03/2016 18h00

Desde o primeiro semestre de 2015, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho vem dando entrevistas com duras críticas à Globo. Em abril, foi noticiado que o ex-executivo ficou chateado por não ter sido convidado para a festa dos 50 anos da emissora, onde trabalhou por mais de 30 anos. A emissora informou na época que apenas funcionários foram chamados para o evento.

Em dezembro, comemorando 80 anos, Boni lançou "Unidos do Outro Mundo". No livro, ele se imagina morto em diálogo com figuras importantes de sua trajetória profissional e pessoal, todas já falecidas.

Nestas "conversas" com Dias Gomes, Janete Clair, Armando Nogueira, Chico Anysio e Chacrinha, entre outros, o ex-executivo da Globo aproveita para dizer o que pensa da programação de hoje em comparação com a do tempo em que reinou na emissora.

O tom das entrevistas tem sido ainda mais duro do que os comentários no livro. São criticas ao jornalismo, em especial ao "Jornal Nacional", às novelas, ao humor, ao esporte e aos programas de entretenimento da emissora. As críticas ajudam a promover o livro.

O ataque mais recente foi ao "Tá no Ar" ("90% das pessoas não entende as piadas"). Mas Boni já disse nos últimos meses coisas pesadas sobre o "Fantástico" ("Hoje é uma colcha de retalhos, em vez de ser um mosaico"), sobre as novelas das 21h ("Há um exagero de favelas, de violência em cima de violência"), sobre William Bonner ("O cara tem que sentar lá e fazer sério. Agora, levantar, botar apelido, chamar de Maju, isso não tem sentido") etc.

Boni, como se sabe, é empresário do ramo. É sócio da TV Vanguarda, com sede em São José dos Campos, que transmite o sinal da Globo na região do Vale do Paraíba e Litoral Norte (SP), para mais de 50 cidades.

Repito algo que escrevi na "Folha" há três meses. Quase 20 anos depois de sua saída da Globo, ainda há muita gente na emissora que o enxerga como o oráculo que faz falta – aquele homem que sabe o caminho, mas infelizmente não está mais no comando.

Boni ficou na Globo entre 1967 e 97. Depois da saída de Walter Clark, em 1977, se tornou o principal executivo. Foi uma época em que o comando da emissora era muito mais centralizado do que hoje. Suas críticas, por isso, oferecem pistas para se entender conflitos existentes nos bastidores da emissora.

A Globo não comenta as opiniões de Boni.

Veja também
Boni critica o "Tá no Ar" e diz que "ninguém entende as piadas do programa"
Fogo amigo (coluna na Folha)
Boni sobre o JN: "Levantar, botar apelido, chamar de Maju, não tem sentido"

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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