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Repetitivo, “MasterChef” privilegia o show e se arrisca a cansar o público

Mauricio Stycer

16/03/2016 05h01

Por seu faturamento, audiência e repercussão, o "MasterChef" se tornou o principal programa da Band desde 2014. Apesar das suas muitas qualidades, é impossível não enxergar os problemas cada vez maiores que a atração exibe.

Já na estreia da terceira temporada, nesta terça-feira (15), foi possível ver com nitidez tanto o que atrai quanto o que tem potencial para afastar o público do reality de gastronomia.

Para começar, como já é habitual, a Band esperou a novela das 21h30 da Globo terminar, por volta das 22h40, para colocar o "MasterChef" no ar. Isso fez o programa se estender até 0h45 – um teste para a paciência mesmo dos maiores fãs.

A emissora afirma ter recebido mais de 25 mil inscrições. Selecionou 75 para esta primeira fase, quando serão escolhidos 21. Os primeiros episódios, por isso, vão mostrar eliminações – e grosserias dos jurados – em massa.

Esta edição vai se prolongar por 25 semanas – quase seis meses. Por mais atraente que seja o programa, esta duração pode ser uma tortura, especialmente se a emissora insistir neste horário tardio.

Os três jurados, Paola Carosella, Erick Jacquin e Henrique Fogaça, são a alma do programa. Eles seguem engraçados e divertidos, mas perderam totalmente a espontaneidade. Eles são hoje atores interpretando os papéis que fizeram sucesso na primeira temporada.

Já não se incomodam mais de repetir chavões que soaram originais no passado. "Teu prato tem isso que a gente procura: alma", disse Paola. "Se vieram aqui só pelo dinheiro, podem ir embora: quero ver paixão", repetiu Fogaça.

O trio claramente privilegia o show no lugar da culinária. "Está que nem um material de construção", disse Jacquin sobre o salmão flambado com maçarico por uma candidata. "Já comi coisas bem piores na minha vida, mas não sei se isso é um elogio", disse Paola para um candidato eliminado.

Num programa que teve gosto de prato requentado, a barbicha do Jacquin foi, talvez, a maior novidade apresentada pelo trio nesta estreia.

Audiência: "MasterChef" começou a terceira temporada com Ibope fraco: apenas 3,8 pontos na Grande São Paulo (cada ponto equivale a 69,4 mil residências). Em 2015, a estreia registrou 5,1 pontos. No primeiro ano, quando ninguém ainda conhecia o programa, a estreia marcou 3,6 pontos.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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