Faustão vê o Brasil “ao Deus dará” e Alexandre Nero diz que “não é de hoje”
Mauricio Stycer
13/12/2015 22h53
Por iniciativa do apresentador do "Domingão do Faustão", a entrega do Troféu Melhores do Ano neste domingo (13) foi também uma oportunidade para desabafos sobre a situação política e econômica do país.
Ao entregar o prêmio de melhor ator a Alexandre Nero, Faustão fez o discurso inaugural, dizendo: "Porque esse país não pode ficar do jeito que está. O país da corrupção, o país que não tem nada de educação, não tem nada de infra-estrutura, não tem assistência médica, tem uma violência absurda. Não pode ficar o país ao Deus dará, nessa bagunça que está."
Convidado a comentar, Nero observou: "Só queria lembrar que não é de hoje que isso acontece. O país faz 500 anos… Vamos ter consciência, clareza e, mais do que tudo, tolerância com o diferente, com o próximo. Para que a gente possa ouvir as ideias diferentes. Porque a gente sempre repudia o que parece diferente do que a gente quer ou almeja. Vamos respeitar o próximo. Acho que isso é a coisa mais importante".
Depois da entrega dos troféus, Faustão convidou todos os concorrentes ao palco e perguntou, um a um, o que desejavam para 2016. Em meio a votos de "paz", "amor" e "felicidade", alguns atores resolveram falar de política.
Cássia Kis foi a primeira: "Eu quero que o governo se pergunte, finalmente, qual é a função dele. Pra que ele existe? Pra trazer educação. Pra, finalmente, não colocar na cadeia quem é ignorante e é ignorante por causa do governo. Ele nos faz ignorantes. E não pode mais fazer isso. Nós pagamos o governo. O presidente é quase nosso empregado. É a nós que ele deve todas as obrigações."
"Porrada só podia ser da Cássia mesmo", elogiou Faustão. Na sua vez de falar, Alexandre Nero observou: "A gente precisa de menos opiniões e mais conhecimento. Vamos atrás de conhecimento."
Tonico Pereira fez piada antes de comentar sobre a situação política: "Desejo mais dez, 15, talvez 20 anos de trabalho para pagar as minhas dívidas. E, fundamentalmente, uma Câmara dos Deputados que represente verdadeiramente o povo brasileiro. Porque a culpa não está sempre no Executivo. Nós temos uma quadrilha na Câmara e é essa que nós temos que eleger e tratar."
Sem mencionar o caso de Eduardo Cunha, mas falando dele, Fernanda Torres pediu: "Eu espero que Comissão de Ética não adie para 2017 o que eles têm que votar e que 2016 nos seja um pouco mais leve."
Lazaro Ramos desejou "mais investimento em educação", assim como Enrique Diaz: "Mais educação, salário de professores, mais condições para as crianças que são o futuro do nosso país". E, por fim, Juliano Cazarré pediu: "Liberdade de pensamento, liberdade de opinião, liberdade sexual, e tolerância para lidar com a liberdade do outro".
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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