Frouxa, trama policial de A Regra do Jogo esquece 6 mortos e terá mais um
Mauricio Stycer
08/12/2015 05h01
Em menos de 90 capítulos, será o sétimo assassinato na novela. O número não é alto em uma trama policial como "A Regra do Jogo". O problema é que os outros seis crimes foram totalmente esquecidos. Nenhum personagem se lembra deles – nem a polícia, nem a tal facção, nem os parentes dos mortos.
Quem morreu em seguida, a mando da facção, foi Sueli (Paula Burlamaqui), amiga de Atena (Giovanna Antonelli). Outro integrante da facção, Paturi (Glicério do Rosário) também foi morto sob a acusação de entregar segredos da organização. E, por fim, o delegado Faustini (Ricardo Pereira) perdeu a vida por descobrir alguns segredos do grupo de criminosos.
Pelo menos dois destes crimes, o do jornalista e o do delegado, não seriam esquecidos da forma como ocorreu em "A Regra do Jogo". Em ambas as situações, haveria enorme pressão da imprensa e da corporação policial para a investigação dos casos.
Toda a situação que levou Faustini à morte mostra bem como a trama policial de "A Regra do Jogo" é frouxa, mal desenvolvida e frustrante para quem é fã do gênero.
Com Dante, o policial mais ingênuo da polícia brasileira, fora de combate, o delegado resolveu investigar a facção por conta própria, sem tomar nenhuma precaução. Ele deu ouvidos a Juliano (Cauã Reymond) e conseguiu prender o Tio (Jackson Antunes).
Em defesa do autor, João Emanuel Carneiro, pode-se argumentar que o amadorismo de Faustini é uma crítica à ineficiência da polícia brasileira. Pode ser. Mas hoje em dia, tendo à disposição tantas séries policiais de qualidade na TV, é difícil para o espectador engolir uma trama tão mal costurada. "Vitória na guerra".
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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