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Fracasso do “Tomara que Caia” não deveria inibir criação de novos formatos

Mauricio Stycer

07/11/2015 09h01


"Tomara que Caia" seguramente estará em muitas listas de "piores do ano". Na minha, com certeza, estará. Um programa de humor sem graça é indesculpável, ainda mais na Globo, com seus recursos em todas as áreas da cadeia de produção.

Lançado em julho, foi cancelado na primeira semana de novembro. Foi tão transformado nestes poucos meses que quase nada sobrou da ideia original – uma mistura de humorístico com competição, tendo por base o improviso, tudo mediado por votos e decisões do público.

Muita gente viu semelhanças na proposta com o "Quinta Categoria", exibido pela MTV, em 2008, e o "É Tudo Improviso", apresentado pela Band, em 2009, ambos com a participação da Cia Barbixas de Humor, que também esteve presente no novo programa da Globo.

A principal novidade foi o esforço de fazer do público um protagonista do show, tomando decisões que mudariam o rumo das histórias. Ao vivo.

Um erro de origem, na minha opinião, comprometeu todo o esforço de criação do "Tomara que Caia" – a escalação de atores sem o menor traquejo para o improviso. Alguns, até, claramente manifestaram pavor de estarem ali, submetidos a interferências externas, em um programa não gravado nem editado.

"Tomara que Caia", enfim, começou mal e jamais se acertou. A interação perdeu espaço e, à medida que a coisa degringolou, quase todos os atores do elenco original saíram. No fim, ele até deixou de ser ao vivo – uma de suas características mais ousadas.

Ainda assim, espero que a experiência que levou à criação do "Tomara que Caia" não deixe de existir junto com a atração. O programa nasceu dentro do chamado Fórum de Formatos Globo – um grupo liderado pelo diretor Boninho com o objetivo de desenvolver ideias originais dentro da emissora.

Acho difícil de entender – e de aceitar – que uma indústria de televisão do tamanho da brasileira recorra com tanta falta de cerimônia a produtores estrangeiros para comprar programas. Pior, que adquira "formatos" que são mera recauchutagem de atrações já exibidas aqui, como shows de talentos musicais, por exemplo.

Estamos todos de acordo que "Tomara que Caia" não deu certo. Mas tomara que não seja um filho único.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

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