“MasterChef Júnior” estreia com jurados fofos, pais chatos e horário ruim
Mauricio Stycer
21/10/2015 01h02
Na esteira do "MasterChef Brasil", programa de maior sucesso da Band em 2015, a emissora correu para lançar uma versão para crianças ainda este ano. A estreia, nesta terça-feira (20), mostrou que se trata de um programa bem diferente do que encantou o público.
Ainda que com os mesmos jurados e a apresentadora da versão adulta, "MasterChef Junior" não exibiu, ao menos neste primeiro programa, o grande trunfo do reality – o jeitão franco, abusado e, eventualmente, grosseiro de Erick Jacquin, Paola Carosella e Henrique Fogaça.
"Muito mais que uma competição, um espaço para aprender. Onde todos ganhamos uma experiência de vida", prometeu Paola no início.
Não foi o que se viu. Não julgaram, mas muito menos ensinaram. Os três se colocaram no papel de amigos mais velhos das crianças. Deram show de fofura e graça. "Pode me abraçar, pode me pegar, pode beijar, pode apertar aqui", disse Jacquin, apontando a sua bochecha para os eliminados Luiza e Augusto.
Ana Paula Padrão, ao contrário, encontrou mais funções nesta versão do reality – ela foi também psicóloga infantil de vários participantes, dando força e consolando os jovens cozinheiros.
O maior destaque, porém, foram os pais, em especial aqueles que não conseguiram se conter. Vários atrapalharam os filhos durante as provas com conselhos indevidos, palpites infelizes e reprimendas. Foram protagonistas, ainda que de forma involuntária, do espetáculo, ensinando o que não se deve fazer com crianças em meio a uma competição.
Iniciado às 22h45, a estreia terminou por volta da uma da manhã de quarta-feira (21). Obviamente não é um programa para crianças, apesar de protagonizado por elas. Mesmo para adultos, foi cansativo.
Neste tom exageradamente doce, também vai ser difícil agradar o público que se divertiu com a versão original. Jacquin, Fogaça e Paola são ótimos, mas esse excesso de fofura pareceu forçado.
Veja abaixo um trecho:
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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