Leitor vê furos, soluções ruins e incoerências no fim de Verdades Secretas
Mauricio Stycer
26/09/2015 21h41
Espectador atento, o leitor Mr. Novela colabora com sugestões e dicas para o blog já há alguns anos. Na madrugada desta sábado (26) ele me mandou um e-mail mais longo do que o habitual. Era um desabafo a respeito do último capítulo de "Verdades Secretas", de Walcyr Carrasco. Decepcionado com o desfecho da trama, ele apontou o que, na sua opinião, foram problemas, incoerências e soluções mal resolvidas da trama. Mesmo não concordando com tudo, nem com o exagero do título, reproduzo a sua mensagem a seguir, pois acho que ele levanta bons pontos de discussão sobre a novela:
O pior último capítulo da história da Globo
No interminável último capítulo de "Verdades Secretas", o fim contrasta com a novela inteira, além de ter deixado vários buracos. A Angel do interior do início vira uma Devil (demônia) absurda! Um monte de incoerências.
Cadê as reações de Pia e principalmente de Giovanna, a responsável por ter criado a situação, em relação ao suicídio de Carolina? Poderia também ter tido a reação das duas sobre a morte de Alex, embora nesse caso fosse menos necessário.
Quais as reações de Bruno, Pia e Alex sobre a viagem de Giovanna?
Larissa reencontrou a mãe? Aliás, foi estranho tudo se resumir em ela virar evangélica, mudando radicalmente seu destino por conta das drogas e desistindo de ser modelo, sua razão de viver até o penúltimo capítulo. E a personagem já era uma vilã no início. No primeiro desfile de Arlete, ela tentou que a jovem escorregasse na passarela, sem sucesso.
Fanny sequer foi presa? Continua o book rosa? Isso de ela ficar com o Léo foi estranhíssimo. A relação de Lurdeca e Visky continua se limitando a álcool e em segredo? O que mudou?
A morte de Lyris no penúltimo capítulo foi realmente desnecessária. Não serviu pra nada. O book rosa continuou na agência, tudo igual.
O final foi extremamente down (para baixo), desnecessariamente. Morrem Carolina, Alex e Hilda, além de Arlete virar uma psicopata, embora não dê pra entender por quê.
Desde que viu a arma na casa da avó (o fato de Hilda estar com a arma é RI-DÍ-CU-LO), planejou tudo, ou seja, "vou virar uma bandida"? Ninguém achou estranho ela estar numa lancha com Alex? Todos acharam normal a mãe dela se matar e depois Alex morrer assim?
Walcyr tem taras por mortes. Muita gente vai dizer que teve novela com muito mais mortes, a diferença é que todas as mortes tiveram uma razão de existir, para além de um: "vou fazer algo chocante pra ser elogiado".
Provavelmente o pior último capítulo da história da Globo ainda vai render muitos comentários negativos.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.