Melhem vê 'provocação' e não homofobia em piada com o São Paulo no “Zorra”
Mauricio Stycer
14/09/2015 15h07
"A Globo, em rede nacional, incentiva o preconceito. A Globo, em rede nacional, compactua com a homofobia", protestou o jornalista Luis Augusto Simon, o Menon, em seu blog no UOL Esporte (leia aqui: Rede Globo, homofobia e hipocrisia contra o São Paulo F.C.)
Há dois meses, reproduzi em meu blog afirmações feitas por Marcius Melhem, um dos criadores do "Zorra", justamente sobre este assunto. Na ocasião, ele afirmou que não permitia a inclusão de piadas de cunho homofóbico no programa. "Este momento em que o país vive, de muita intolerância, não permite que a gente abra este flanco. Vamos ridicularizar quem é homofóbico", disse.
Você viu a repercussão do quadro de abertura do "Zorra"? Concorda que foi homofóbico?
A provocação era justamente ver a leitura das pessoas. Veja bem: o militar gay que morreu foi colocado como um herói. Ser gay não era uma questão para o Exército. Esse dado positivo passa quase despercebido. Mas sabíamos que as pessoas iam focar na bandeira do São Paulo. E nossa intenção era tirar o preconceito do armário.
É uma ofensa um gay ser são paulino? Algum são paulino se sente ofendido se um gay torcer para o seu time? Essa antiga brincadeira (aí sim, homofóbica) é que queríamos levantar pra discussão. Alguns torcedores do São Paulo pediram um posicionamento do clube. Eu gostaria realmente de saber se o São Paulo Futebol Clube se ofende em ter homossexuais torcendo pro seu time. Levantar questões é a nossa missão. E sábado fizemos de novo. Só de estar sendo discutido já valeu. Eu faço parte de um programa que claramente é anti-homofobia. Por isso quisemos provocar mais essa questão.
Acho que a intenção da provocação não foi compreendida.
Talvez. Muitos entenderam. Mas tem muita gente com pedras na mão já esperando pra atirar. Sem nem tentar entender a leitura. Sofremos isso com (o quadro sobre) Casas Bahia no "Tá no Ar". Era a favor da questão do negro no país. Mas foi só mexer no tabu que parece que estamos sacaneando.
O quadro do "Zorra" pode ser visto aqui.
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"No 'Zorra' é proibido piada homofóbica", conta Marcius Melhem
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.