Xuxa aposta alto em programa ao vivo e inspiração em Ellen DeGeneres
Mauricio Stycer
11/08/2015 18h24
Em particular, merecem registro duas questões. A primeira, o fato de o "Programa Xuxa Meneghel" ser ao vivo e com participação de espectadores. "A plateia será parte ativa do show, o coração do programa", descreve a Record no comunicado enviado à mídia. "Todos poderão participar de ações no palco e também gerar conteúdo ao programa."
Trata-se, como é possível imaginar, de um convite para gafes e confusão. Durante a entrevista, Xuxa manifestou preocupação. "Calma a vocês que escrevem. Não sei fazer programa ao vivo, estou aprendendo", disse, sabendo que erros vão acontecer.
A segunda questão que deve ser destacada é o fato de ser abertamente inspirado na estrutura do "Ellen DeGeneres Show" – tanto o talk show com famosos quanto as brincadeiras com a plateia. Xuxa vai adaptar ou copiar várias brincadeiras da atração americana.
Xuxa afirma já ter conversado com De Generes, por Skype, mas pretende ter um encontro pessoal com a apresentadora americana e, quem sabe, levá-la ao seu programa.
Ela também pretende, como Ellen DeGeneres, ser generosa com os participantes. "Ninguém entrará no 'Programa Xuxa Meneghel' sem a esperança de sair premiado. Essa interação com a plateia através de games será uma marca do programa", informa a emissora.
Um quadro criado por Xuxa é de visitas surpresa a casas de fãs pelo Brasil. A apresentadora vai chegar sem avisar e comentar histórias contadas pelos fãs nas redes sociais.
O texto de divulgação do programa garante que o "Programa Xuxa Meneghel" será "sem cortes, sem censura, falando o que quer e como quer." A própria apresentadora, porém, disse que não poderá falar de religião, uma frase entendida por muitos como de censura ou restrição.
A verdade é que religião não é um assunto que combina muito com um programa de auditório nos moldes do que está sendo divulgado. A observação de Xuxa pode dizer respeito aos convidados para entrevistas.
Em março, ao conversar com jornalistas na sede da Record sobre o seu acerto com a emissora, ela havia dito que teria liberdade total para convidar os seus amigos, padres Marcelo Rossi e Fábio de Melo. Ao dizer, cinco meses depois, que não poderá falar de religião, ela está sugerindo que mudou de ideia ou foi convencida a mudar.
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Foto: Michel Angelo/Record
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
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