Livro relembra a época em que a TV era “máquina de fazer doido”
Mauricio Stycer
01/08/2015 05h01
Para quem se interessa pela história da televisão, Sergio Porto deixou vários comentários e histórias sobre a sua experiência, como redator de programas em diferentes emissoras (Tupi, Rio, Globo, Excelsior, Record) nos anos 60. Os textos estão reunidos em "A Máquina de Fazer Doido", também incluído em "Febeapá".
São observações quase sempre sérias, bastante críticas, sobre a baixa qualidade da televisão naqueles anos. "Na televisão brasileira é assim; o sujeito que não sabe fazer nada acaba sempre diretor", escreve, por exemplo.
Falando de um programa de auditório cuja descrição lembra muito a "Buzina do Chacrinha", apresentado na Globo até 1972, Sergio Porto assim se refere aos candidatos que participam da atração: "esses coitados que, levados pela ingenuidade e muitas vezes pela necessidade, comparecem aos programas ditos de calouros para serem humilhados" .
O livro conta também uma história lendária, protagonizada por outro jornalista famoso na época, Antonio Maria (1921-1964), a respeito de uma atração que ambos escreviam para a TV Rio:
Para encerrar, reproduzo duas frases de Tia Zulmira, outra personagem engraçadíssima criada por Sergio Porto. A primeira segue muito atual: "Quem assiste televisão durante a semana é incapaz de desconfiar que aos domingos é pior". A segunda, para muita gente, também vale para os dias de hoje: "Nada é mais educativo na nossa televisão que o botão de desligar."
Em tempo: As três ilustrações aqui reproduzidas são de autoria de Jaguar e constam da edição original do livro "Febeapá 3", lançado pela editora Sabiá em 1968.
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.