Disputa entre Gugu e Ratinho gera “guerra de números” entre SBT e Record
Mauricio Stycer
20/07/2015 14h56
A estreia de Gugu Liberato no final de fevereiro, com a bombástica entrevista dada por Suzane Von Richthofen, não apenas deixou a Record na liderança por mais de uma hora como empurrou o programa de Ratinho para o terceiro lugar – uma posição que o apresentador do SBT não estava muito acostumado a ocupar.
Exibido às terças, quartas e quintas, o programa na Record obteve várias vitórias sobre o seu concorrente no SBT. Ratinho reagiu mal, inicialmente, ameaçando apelar para reconquistar a sua posição. Entrevistado pelo "Pânico" no início de março, disse: "Gugu, se eu resolver fazer o que você está fazendo, eu ganho de você de novo". O que ele está fazendo?, quis saber o repórter: "Baixaria. Tipo o que eu fazia".
A disputa entre os dois programas produziu momentos constrangedores. Além das entrevistas melodramáticas com presos famosos, Gugu tentou revisitar o velho quadro da banheira, sem sucesso. Já Ratinho, inventou uma brincadeira chamada "Rabo Quente", igualmente sem alcançar os números que desejava.
O levantamento, mês a mês, aponta os seguintes resultados. Em fevereiro, com apenas dois programas, Gugu marcou 13,5 pontos de média, contra 7,2 do SBT. Em março, exibidos 13 programas, o apresentador da Record registrou média de 7,7 contra 7,1 da emissora de Silvio Santos. Em abril, com 14 edições, Gugu teve média de 9,6 contra 7,5 do SBT. E em maio, com 12 programas, a vitória da Record sobre o SBT foi de 9,1 a 8,1.
Na última sexta-feira (17), a Record reagiu ao informe do SBT divulgando um comunicado aos jornalistas no qual avisa: "Dos 62 programas já exibidos, 'Gugu' tem 37 vitórias e vence 60% dos confrontos com programa de auditório da concorrente; desde estreia, atração é vice-líder isolada com 9 pontos de média".
O levantamento da Record computa um total de 62 edições do programa (inclui os primeiros dias de julho), chegando ao seguinte resultado: Gugu registra média de 9 pontos desde a estreia, contra 8 pontos do SBT. Na última semana (entre 14 e 17 de julho) a média foi de 9 pontos, acima da do concorrente.
Como se sabe, com números é possível demonstrar qualquer coisa. No caso, nenhuma das duas emissoras está inventando nada.
O SBT tenta mostrar que há uma tendência de queda na audiência de Gugu – os números ao final de julho serão essenciais para confirmar, ou não, esta hipótese. A Record, além de lembrar que os números totais ao longo de todo o período são favoráveis ao seu apresentador, levanta a possibilidade de que a curva de queda de Gugu tenha interrompido seu movimento decrescente.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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