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Britto Jr. não é o único culpado pelos erros dos dois programas que perdeu

Mauricio Stycer

17/07/2015 12h20

Não me lembro, nos últimos tempos, de nenhum funcionário que tenha sido colocado em uma situação tão negativa por uma emissora quanto Britto Jr. No intervalo de poucos dias, a Record extinguiu uma atração que ele apresentava, o "Programa da Tarde", e o tirou do comando de outra, "A Fazenda", substituindo-o por Roberto Justus.

Desconheço os bastidores por trás destas duas decisões. Também não sei se ocorreram de forma quase simultânea por acidente ou intencionalmente. Procurei Britto nas últimas semanas para falar sobre o assunto, mas ele não me respondeu.

Pelas poucas manifestações que fez nas redes sociais, Britto deixou clara a sua frustração com o fim do "Programa da Tarde". Segundo vários colunistas, a Record ficou muito irritada com estes seus comentários, o que sugere que ele estava certo. A atração tinha potencial, mas nunca se realizou plenamente.

Como ocorre frequentemente com programas que nascem preocupados exclusivamente com o Ibope e sem uma proposta clara, o vespertino mudou inúmeras vezes ao longo de quase três anos sem jamais encontrar uma identidade.

Acho injusto deixar a responsabilidade pelo fracasso do programa nas costas dos apresentadores. É certo que Britto, Ana Hickmann e Ticiane Pinheiro não estão entre os mais carismáticos do ramo, mas o "Programa da Tarde" nunca teve, realmente, conteúdo capaz de conquistar um público fiel no seu horário.

Já a respeito da "Fazenda", a questão é mais complexa. A tarefa do apresentador do reality da Record é das mais inglórias da televisão brasileira. Britto Jr. sempre tinha muito texto para ler, mas pouca informação para dar ao público. Excessivamente didático, preocupado em explicar mil vezes cada detalhe do andamento do reality show, o comandante nunca conseguia deixar o programa fluir.

A experiência com Rodrigo Faro no comando da "Fazenda de Verão" comprova o que eu digo. Muito mais à vontade diante das câmeras que Britto, o apresentador não conseguiu, porém, dar uma cara ao reality. Obrigado a ler instruções e a dizer um texto previamente escrito, Faro foi tão duro quanto o apresentador titular do programa.

É verdade que a última edição, em 2014, mostrou Britto menos concentrado do que o normal, irritado com o diretor Rodrigo Carelli e sem disposição para intervir nas discussões mais acaloradas. Por quê? Nunca foi esclarecido o que ocorreu nos bastidores do reality.

Britto, enfim, está saindo duplamente de cena sem que tenha sido o único culpado pelos problemas que estão sendo creditados a ele.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

Sobre o blog

Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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