Supervilã cai e, finalmente, abre espaço para o herói de Os Dez Mandamentos
Mauricio Stycer
03/07/2015 05h01
Yunet provocou quatro abortos na princesa Henutmire, a quem serviu como dama de companhia por duas décadas – sem despertar nenhuma suspeita. Causou a morte de Maya, pretendente de Ramsés, filho do faraó Seti.
E mais. A supervilã entrou no quarto e envenenou o próprio soberano sem que ninguém jamais desconfiasse dela. Também arquitetou a situação que levou Moisés a ser expulso do palácio real e viver no exílio, além de inúmeras outras maldades menores.
Vivida na primeira fase por Day Mesquita, a vilã encontrou em Adriana Garambone a sua principal, e competente, intérprete.
Não espanta que o capítulo desta quinta-feira (02), quando Yunet foi, finalmente, desmascarada, tenha sido anunciado como "especial" pela Record. Na verdade, de especial não teve quase nada. Foi um pouco mais longo, é fato, mas a situação que mostrou, na realidade, deveria ter ocorrido há muito tempo.
Yunet pintou e bordou tanto que os personagens à sua volta, o rei, a rainha e a princesa do Egito, todos poderosos, posaram de bobos até agora. Vivian de Oliveira concentrou na vilã tantos poderes (do mal) que eu diria que ela foi, até o momento, a principal personagem da novela.
Para uma figura a respeito do qual não existem referências na Bíblia, a trajetória de Yunet foi exageradamente desenvolvida, ou esticada, num sinal de que a autora teve que rebolar para transformar a história de Moisés em uma novela com 150 capítulos.
A sua derrocada significa, na verdade, o fim de uma etapa e, imagino, o início de uma outra um pouco mais calcada na tradição, na qual os protagonistas serão, de fato, o poderoso Ramsés e, especialmente, o herói Moisés.
Em tempo: O capítulo "especial" registrou audiência de 15,6 pontos, deixando a Record em segundo lugar. No Rio de Janeiro, "Os Dez Mandamentos" bateu seu recorde de audiência com 17 pontos de média.
Veja também
"Dez Mandamentos" bate novo recorde e se aproxima da Globo
Sete motivos que ajudam a explicar o sucesso da novela
Evitar aula de religião e 'barriga' são os desafios de "Os Dez Mandamentos"
Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
Contato: mauriciostycer@uol.com.br
Sobre o blog
Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.