Em “Babilônia”, prefeito homofóbico é comparado a nazista
Mauricio Stycer
15/06/2015 13h00
De todos os assuntos polêmicos abordados inicialmente em "Babilônia", ao menos um parece ter sobrevivido às mudanças sofridas pela novela. A discussão sobre homofobia, ainda que atenuada, segue em pauta na novela.
O pretexto para tratar do tema foi a decisão do prefeito Aderbal Pimenta (Marcos Palmeira) de rejeitar o pagamento de pensão ao companheiro de um servidor de Jatobá, recém-falecido. Contratado para defender a causa, o advogado Vinicius (Thiago Fragoso) confrontou Pimenta em um debate de TV.
"Porque a pensão não pode ser um prêmio à sem-vergonhice dos invertidos. Ele escondia que era uma aberração. Se ele tivesse me procurado, poderia ter ajudado. Oferecendo conforto espiritual, a palavra do altíssimo. A Bíblia é um guia de comportamento para todo mundo que é decente. O senhor (Vinícius) está querendo impor a ditadura gay. Só tem direito a pensão quem casa, homem e mulher, Adão e Eva".
O segundo discurso foi de Teresa (Fernanda Montenegro), dona do escritório onde Vinícius trabalha. Depois de assistir ao debate pela TV, ela comentou o que ouviu à mesa, na companhia da companheira Estela (Nathalia Timberg), do filho de criação Rafael (Chay Suede) e da namorada deste, Lais (Luisa Arraes):
Teresa e Estela não sabem que Laís é filha de Pimenta, o que ainda causará novos desdobramentos na trama.
O tema também está sendo tratado em outra trama – a perseguição que Guto (Bruno Gissoni) move contra Rafael. Ele forjou um vídeo insinuando que o primo é gay e tem um caso com Ivan (Marcello Melo Jr.). Vai ser acusado de "cyber bullying".
Para quem se decepcionou com a flexibilidade dos autores, que abriram mão de vários temas e personagens polêmicos, é reconfortante ver que não abriram mão de tudo.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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