Com Tom comedido e humor velho, melhor coisa de #PartiuShopping é o cenário
Mauricio Stycer
15/06/2015 23h41
Em maio, Luiz Fernando Guimarães estreou "Acredita na Peruca", uma comédia passada em um salão de beleza. Agora em junho foi a vez de Tom Cavalcante, há quase quatro anos longe da TV, aparecer com "#PartiuShopping", uma sitcom ambientada, como diz o título, em um shopping-center.
Em julho, será a vez de Wellington Muniz, o Ceará (ex-Pânico), surgir na tela do Multishow. Katiuscia Canoro, ex-Zorra Total, deve estrear em outubro e a turma do Casseta & Planeta já está preparando um programa para o canal com estreia prevista para dezembro.
"#PartiuShopping" traz Tom como Gildo, o segurança do estabelecimento, em torno do qual todas as situações ocorrem. Nanny People é Berengária, a dona do shopping, enquanto Danielle Winits faz Rissole, ex-mulher de Gildo.
Há ainda Isabellen (Camila Camargo), proprietária de um quiosque, por quem o segurança se encanta, Merlon (Leo Castro), personal trainer, Perla (Monique Alfradique), a periguete interesseira, e Felinto (Alex Gruli), seu marido otário.
Quem mais chama a atenção em "#PartiuShopping" não é ninguém do elenco, mas o cenário, em dois pavimentos, com duas escadas rolantes, por onde figurantes passam o programa inteiro subindo e descendo.
O texto, ainda que Tom tenha prometido fugir das grosserias habituais, é um amontoado de bobagens. "Pode aplaudir que hoje eu vim sem calcinha. Eu estava dando… Dando um trato no meu cabelo", avisou Perla ao entrar em cena pela primeira vez. "Ele mijava nas garrafas de frigobar para não pagar porque era miserável", explicou Gildo, falando do falecido dono do shopping.
Multitalentoso, Tom também interpretou, na estreia, a advogada que apresenta o testamento do proprietário, Astrolábio. Coube a ela anunciar que o shopping estava em nome de um testa de ferro, justamente Gildo.
Comedido, ao menos na estreia, Tom evitou os improvisos e pareceu preso ao roteiro. Por mais que tenha se esforçado, o humorista arrancou risadas bastante discretas do público (claque?) que assistiu à gravação. A superprodução impressiona, mas não consegue esconder a pobreza do texto.
"#PartiuShopping" não traz nenhuma ideia nova. Ao contrário, parece televisão do século passado ("Sai de Baixo") em um cenário mais caprichado. A seu favor pode-se dizer que é bem melhor do que "Acredita na Peruca", talvez o pior programa que o Multishow exibiu este ano.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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