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Dos melhores do ano, Os Experientes merecia mais episódios e horário nobre

Mauricio Stycer

02/05/2015 00h15

Exibido o último episódio, não é exagero dizer que "Os Experientes" se habilita a entrar na lista dos melhores programas de 2015. Produto da O2, de Fernando Meirelles, a série contou quatro histórias independentes ligadas pelo tema do envelhecimento.

Com roteiro de Antonio Prata (o primeiro) e de Marcio Alemão Delgado (os outros três) e direção dividida entre Meirelles e o filho Quico, "Os Experientes" abriu espaço para um timaço de atores veteranos brilharem.

De Beatriz Segall a Juca de Oliveira, passando por Selma Egrei, Joana Fomm, Otavio Augusto, Lima Duarte, Othon Bastos, entre outros, a série ofereceu espaço para variados solos dramáticos de atores que hoje, de uma maneira geral, só conseguem espaço como coadjuvante em novelas.

O episódio "Os Atravessadores do Samba" ousou ainda mais, ao escalar os veteranos músicos Germano Mathias, Wilson das Neves e Zé Maria e o jornalista Goulart de Andrade como protagonistas. A falta de traquejo como atores foi compensada pela comovente entrega dos intérpretes.

A rigor, foram quatro especiais, cada um contando uma história original, sempre em tom agridoce, tratando de pequenos dramas com pitadas de humor e auto-ironia. Como escrevi a respeito da estreia, é muito raro ver na TV aberta tão boa combinação de direção, edição, texto, trilha sonora e elenco, tudo funcionando muito bem para contar histórias emocionantes, sem ser piegas.

O quarto capítulo, talvez o mais bonito e forte, ao apresentar um romance entre duas mulheres mais velhas, propôs algumas ligações entre os personagens que apareceram ao longo de toda a série. As personagens de Selma Egrei e Joana Fomm assistiram ao espetáculo de samba protagonizado pelos artistas do segundo episódio. O gerente de banco do primeiro capítulo, vivido por Eucir de Souza, era o filho da personagem de Egrei e o advogado do terceiro episódio, interpretado por Othon Bastos, era amigo da família.

O que estranho em relação a "Os Experientes" foi a hesitação da Globo em lançar o programa. Consta que estava pronto há pelo menos um ano. Segundo Roberto Irineu Marinho, presidente do Grupo Globo, em entrevista ao "Valor", a série teria sido gravada há três anos e "estava na prateleira".

O programa foi ao ar naquele que é considerado o pior horário da linha de shows da emissora – sextas-feiras, depois do "Globo Repórter". Obteve audiência razoável, entre 12,7 pontos (na estreia) e 11,8 (no último dia 24).

"Os Experientes" merecia não apenas duração maior como um horário melhor na grade. Quem sabe a emissora não encomenda uma segunda temporada.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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