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SBT: do beijo entre mulheres de “Amor e Revolução” à “novela para família”

Mauricio Stycer

22/03/2015 05h01

No momento em que "Babilônia", da Globo, enfrenta rejeição e protestos por causa de um beijo protagonizado por um casal de mulheres, as personagens de Fernanda Montenegro (Teresa) e Nathalia Timberg (Estela), o SBT resolveu promover "Chiquititas" com um slogan provocativo: "Novela pra família é aqui".

Em sua defesa, a emissora pode dizer que já usou um mote parecido em outras ocasiões. Em fevereiro, por exemplo, bem antes da estreia da novela da Globo, o SBT promoveu a reprise de "Carrossel" como "a novela que uniu a família brasileira".

O problema é o "timing" da nova promoção da emissora de Silvio Santos. "Babilônia" estreou esta semana com a disposição, justamente, de discutir o conceito de "família", um tema que desperta paixões e preconceitos. Teresa e Estela vivem juntas há décadas, criam o neto de uma delas como filho e se preparam para oficializar a união.

Para complicar ainda mais, não faz muito tempo que o SBT exibiu um beijo entre duas mulheres – o primeiro numa novela brasileira. Foi em maio de 2011, em cena de "Amor e Revolução", de Tiago Santiago.

A cena – um beijaço, intenso e longo, entre as personagens Marcela (Luciana Vendramini) e Mariana (Gisele Tigre) – provocou tanta polêmica que a emissora, pouco depois, determinou ao autor que não mostrasse mais nada semelhante na novela. Um segundo beijo entre as duas personagens, já gravado, deixou de ser exibido.

"O SBT realizou uma pesquisa para avaliar o desempenho de 'Amor e Revolução'. A pesquisa apontou a insatisfação do público em geral em relação às cenas de violência demasiada e beijo gay explícito", divulgou em julho de 2011.

Tudo bem a emissora ter decidido mudar o seu público-alvo, mas não dá para ignorar o passado recente.

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Sobre o autor

Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).

Contato: mauriciostycer@uol.com.br

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Um espaço para reflexões e troca de informações sobre os assuntos que interessam a este blogueiro, da alta à baixa cultura, do esporte à vida nas grandes cidades, sempre que possível com humor.


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