Sete personagens que mudaram para pior e três acertos em "Império"
Mauricio Stycer
13/03/2015 20h33
Ao chegar ao final, depois de ser esticada para 203 capítulos, "Império" deixa um gosto de frustração no ar. A novela de Aguinaldo Silva apresentou vários motivos para merecer um crédito de confiança do espectador, mas largou no meio do caminho inúmeros bons assuntos que levantou.
Uma maneira de entender o que "Império" poderia ter sido, mas não foi, é analisando a trajetória de alguns personagens importantes. Reviravoltas são normais em novelas, mas é curioso observar que, na história de Aguinaldo Silva, elas afetaram especialmente os personagens polêmicos, que pretendiam discutir temas "difíceis".
Na reta final, como já escrevi, "Império" parece ter virado outra novela. O autor resolveu, sem maiores explicações, uma série de conflitos e situações difíceis, além de ter dado uma solução rocambolesca à trama policial que apresentou.
Novela não tem compromisso com a realidade – um exemplo positivo disso, na minha opinião, foi a divertida cena do casamento de Vicente (Rafael Cardoso). Enquanto esperava a noiva Maria Clara (Andréia Horta), quem apareceu foi a irmã dela, Cristina (Leandra Leal).
O problema é quando uma história com tintas realistas deixa de lado a lógica e a coerência, "traindo" o espectador que acompanhava cada lance acreditando no que o autor estava propondo. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a revelação de que Silviano (Othon Bastos) era um grande vilão sob as ordens de José Pedro (Caio Blat), também conhecido como Fabricio Melgaço.
Abaixo a minha lista com sete personagens que mudaram para pior e três acertos em "Império".
Naná: A personagem teve pouco destaque em "Império", mas mostrou-se um grande acerto a escalação de Viviane Araujo (à esq.), outra aposta do autor. Curiosamente, parte da história de uma outra personagem, a sambista Juju Popular (Cris Vianna) foi inspirada na vida de Viviane.
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Sobre o autor
Mauricio Stycer, jornalista, nascido no Rio de Janeiro em 1961, mora em São Paulo há 30 anos. É repórter especial e crítico do UOL. Assina, aos domingos, uma coluna sobre televisão na "Folha de S.Paulo". Começou a carreira no "Jornal do Brasil", em 1986, passou pelo "Estadão", ficou dez anos na "Folha" (onde foi editor, repórter especial e correspondente internacional), participou das equipes que criaram o diário esportivo "Lance!" e a revista "Época", foi redator-chefe da "CartaCapital", diretor editorial da Glamurama Editora e repórter especial do iG. É autor dos livros "Topa Tudo por Dinheiro - As muitas faces do empresário Silvio Santos" (editora Todavia, 2018), "Adeus, Controle Remoto" (Arquipélago, 2016), “História do Lance! – Projeto e Prática do Jornalismo Esportivo” (Alameda, 2009) e "O Dia em que Me Tornei Botafoguense" (Panda Books, 2011).
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